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Árvore podada em SP é queimada irregularmente
Caminhão com logotipo da prefeitura despeja galhos em terreno particular
Madeira deveria ser deixada em aterro; moradores dizem que fumaça causa vários problemas respiratórios
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pelo menos uma vez por
semana, há mais de um ano,
um caminhão com o logotipo
da Prefeitura de São Paulo
despeja irregularmente galhos de árvores podadas em
um terreno particular na região do Butantã (zona oeste).
Em seguida, a lenha é serrada, empilhada e queimada, às vezes por vários dias
seguidos, liberando fumaça
que, segundo a vizinhança,
já causou problemas respiratórios em várias famílias.
De acordo com a gestão
Kassab, que diz desconhecer
o despejo, a regra é que os galhos de árvores podadas sejam levados para um aterro
em Guarulhos (Grande SP).
O despejo no terreno, porém, foi testemunhado por
vários moradores e confirmado à Folha pela mulher do
caseiro do lote.
Uma moradora também
mostrou à reportagem um e-mail com assinatura da Polícia Militar Ambiental.
Segundo a mensagem,
"trata-se de um terreno particular, onde são descartadas
pela Prefeitura de São Paulo
árvores e galhos decorrentes
de quedas, desabamentos e
podas efetuadas pela Secretaria de Obras da referida
prefeitura".
Procurada pela reportagem, a polícia não se manifestou sobre o problema.
Moradores dizem que procuram vários órgãos do poder público há meses, mas
apenas a polícia ambiental
respondeu.
SAÚDE
Em todo o condomínio Jardim Amaralina, vizinho ao
terreno, moram 600 famílias.
Ao menos seis delas relatam
que alguém na casa tem
bronquite, rinite ou problemas alérgicos, geralmente as
crianças.
De acordo com o pneumologista Marcos Arbex, a fumaça pode ser a causa desses
problemas de saúde e afetar
mesmo quem não desenvolveu as doenças.
É o caso da secretária Maria Fernanda Nóbrega, 32,
grávida de três meses. "Acordo várias vezes à noite precisando respirar de novo", diz.
Seu vizinho Paulo de Castro, 46, tem um filho de um
ano e sete meses com bronquite e que, durante um bom
tempo, precisou de inalador.
A reportagem esteve no
bairro na última sexta-feira e
viu troncos empilhados.
Uma mulher que se identificou como Gislene afirmou
que seu marido, o caseiro do
terreno, recebe a madeira da
prefeitura e a transforma em
lenha para vender para pizzarias. "É árvore de poda",
diz Gislene.
Discordando dos moradores do bairro, que dizem que
a última queimada foi no dia
7, ela diz que "tem mais de
um mês que eles [os caminhões da prefeitura] não
vêm" e que ali se queimam
mais as folhas das árvores.
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