São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Oitenta se rebelaram após uma tentativa de fuga frustrada; internos libertaram os agentes em troca de comida

Menores da Febem fazem reféns por 15 horas

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
Tropa de choque da PM e internos negociando, pelo muro, final de rebelião em Franco da Rocha


DA REPORTAGEM LOCAL

Por 15 horas, funcionários da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) do complexo "Franquinho", em Franco da Rocha (Grande São Paulo), foram mantidos reféns por adolescentes.
A rebelião -que durou da noite de anteontem até as 13h30 de ontem- começou depois de uma tentativa de fuga frustrada. Depois de destruir uma das alas da unidade, os menores, com fome, aceitaram liberar os reféns em troca de comida.
Segundo o coronel Antonio Carlos Rodrigues, comandante do 3º Batalhão da tropa de choque da PM, 12 funcionários foram feitos reféns e um menor sofreu ferimentos leves na tentativa de fuga. O Sintraemfa (Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência ao Menor e à Família) informou que um funcionário foi agredido pelos menores.
A assessoria da Febem confirmou apenas seis reféns e negou a ocorrência de feridos. Segundo o órgão, adolescentes tentaram fugir por volta das 22h30 de anteontem. Sem sucesso, 80 menores da ala 25 dominaram os funcionários e atearam fogo nos colchões para fazer uma barricada.
O momento de maior tensão ocorreu com a chegada de 120 policiais da tropa de choque. No telhado, os adolescentes jogaram pedras contra policiais e funcionários e ameaçaram matar os reféns se a unidade fosse invadida.
Os primeiros reféns foram liberados pelos menores às 11h de ontem, de acordo com o coronel Rodrigues. Os últimos foram soltos às 13h30.
A negociação para a libertação dos reféns começou a progredir quando os adolescentes pediram comida. "Falamos que só íamos liberar a comida quando os reféns fossem libertados e eles aceitaram", disse o coronel.
Os rebelados também reclamaram que existem muitos adolescentes que já deveriam ter saído do complexo. Apesar de não informar números, a assessoria da Febem confirmou o problema, mas disse que a culpa é da Justiça.
Segundo a Febem, os relatórios de acompanhamento -que contêm dados sobre o menor e são determinantes para a progressão de regime- são encaminhados, mas a Justiça é muito morosa na avaliação dos casos.
O complexo "Franquinho" tem cerca de 240 menores e é unidade de progressão, na qual são colocados adolescentes que estão na expectativa de saírem do sistema. (GILMAR PENTEADO)


Texto Anterior: Jovens: ONG mundial voltada à juventude vem ao Brasil avaliar ações sociais
Próximo Texto: PM prende na zona sul 3 membros de quadrilha que clonava cartões
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.