São Paulo, domingo, 15 de julho de 2007

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Processo foi apressado, dizem especialistas

DA REDAÇÃO
DO ENVIADO A SANTOS

A expansão do número de vagas nas federais era necessária, mas foi feita de maneira apressada, afirmam especialistas da área de educação.
"A política para a rede federal é uma das que, em linhas gerais, é acertada no governo Lula, mas não pode crescer sem estrutura", diz José Marcelino Rezende, professor da USP de Ribeirão Preto e ex-diretor do Inep (instituto de pesquisas educacionais, ligado ao MEC).
O calendário de implantação tem de ser minimamente consensual, e não "oscilar ao sabor eleitoral", diz ele, em referência ao grande número de vagas abertas antes do primeiro turno, no ano passado. "Mas é importante ressaltar que, mesmo de um jeito atropelado, a expansão era necessária."
Tem opinião semelhante o reitor da Universidade Federal do Tocantins, Alan Barbiero, coordenador de um grupo da Andifes que acompanha a expansão. Para ele, os problemas serão ajustados. "Claro que a situação não é a ideal. Quando a Unicamp começou, os laboratórios funcionavam nas garagens dos professores. Hoje, ela é uma instituição de excelência. Poderia ser mais bem planejada, mas o importante é que foi feita [a expansão]", afirmou.
Nelson Cardoso Amaral, professor da federal de Goiás que fez trabalho sobre o tema, também concorda. "Foi tudo muito rápido, algumas decisões nem chegaram a passar pelos conselhos universitários, mas os problemas serão corrigidos nos próximos anos."
Já para Ryon Braga, da Hoper Educacional, o mais adequado é promover a inclusão social, mas por meio do ProUni [Programa Universidade para Todos] ou de projetos similares. "Um aluno de instituição pública custa cinco vezes o de uma universidade privada. O governo conseguiria colocar muito mais alunos no ensino superior", afirmou ele.
O ProUni é um programa que também faz parte do projeto de expansão do número de vagas oferecidas pelo governo federal e que concede bolsas parciais e integrais em instituições privadas a alunos de baixa renda.
Para Amaral, a expansão das federais e das vagas oferecidas no ProUni precisa ser feita de modo paralelo. "O correto teria sido expandir as federais antes das bolsas do ProUni, mas o governo optou pelo contrário."
Neste ano, foram ofertadas 108.642 bolsas no primeiro semestre e 54.816 no segundo, e o valor estimado da renúncia fiscal foi de R$ 126.050.707. Em 2006, foram 138.668 bolsas -renúncia de R$ 114.721.465.


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