|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Processo foi apressado, dizem especialistas
DA REDAÇÃO
DO ENVIADO A SANTOS
A expansão do número de vagas nas federais era necessária,
mas foi feita de maneira apressada, afirmam especialistas da
área de educação.
"A política para a rede federal
é uma das que, em linhas gerais,
é acertada no governo Lula,
mas não pode crescer sem estrutura", diz José Marcelino
Rezende, professor da USP de
Ribeirão Preto e ex-diretor do
Inep (instituto de pesquisas
educacionais, ligado ao MEC).
O calendário de implantação
tem de ser minimamente consensual, e não "oscilar ao sabor
eleitoral", diz ele, em referência
ao grande número de vagas
abertas antes do primeiro turno, no ano passado. "Mas é importante ressaltar que, mesmo
de um jeito atropelado, a expansão era necessária."
Tem opinião semelhante o
reitor da Universidade Federal
do Tocantins, Alan Barbiero,
coordenador de um grupo da
Andifes que acompanha a expansão. Para ele, os problemas
serão ajustados. "Claro que a situação não é a ideal. Quando a
Unicamp começou, os laboratórios funcionavam nas garagens dos professores. Hoje, ela
é uma instituição de excelência. Poderia ser mais bem planejada, mas o importante é que
foi feita [a expansão]", afirmou.
Nelson Cardoso Amaral, professor da federal de Goiás que
fez trabalho sobre o tema, também concorda. "Foi tudo muito
rápido, algumas decisões nem
chegaram a passar pelos conselhos universitários, mas os problemas serão corrigidos nos
próximos anos."
Já para Ryon Braga, da Hoper Educacional, o mais adequado é promover a inclusão
social, mas por meio do ProUni
[Programa Universidade para
Todos] ou de projetos similares. "Um aluno de instituição
pública custa cinco vezes o de
uma universidade privada. O
governo conseguiria colocar
muito mais alunos no ensino
superior", afirmou ele.
O ProUni é um programa que
também faz parte do projeto de
expansão do número de vagas
oferecidas pelo governo federal
e que concede bolsas parciais e
integrais em instituições privadas a alunos de baixa renda.
Para Amaral, a expansão das
federais e das vagas oferecidas
no ProUni precisa ser feita de
modo paralelo. "O correto teria
sido expandir as federais antes
das bolsas do ProUni, mas o governo optou pelo contrário."
Neste ano, foram ofertadas
108.642 bolsas no primeiro semestre e 54.816 no segundo, e o
valor estimado da renúncia fiscal foi de R$ 126.050.707. Em
2006, foram 138.668 bolsas
-renúncia de R$ 114.721.465.
Texto Anterior: Para reitores, burocracia afeta expansão Próximo Texto: Danuza Leão: Nada é em vão Índice
|