São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 2008

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Há 4 dias, protesto de mulheres de PMs impede policiamento em RO

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

Um protesto por aumento salarial de policiais militares, organizado por mulheres de soldados e sargentos da corporação, deixa Porto Velho sem policiamento há quatro dias.
Os manifestantes bloqueiam a saída de batalhões na capital de Rondônia e esvaziam pneus de carros da PM. Os protestos aumentaram ontem, com a obstrução da saída de ônibus públicos das garagens. Cerca de 250 mil pessoas ficaram sem transporte, segundo o governo.
À tarde, dezenas de pessoas ligadas ao movimento bloquearam em Porto Velho um trecho da BR-364, que liga Rondônia ao Acre, por cerca de uma hora.
O movimento afirma ter reunido mil mulheres na capital e em outras partes do Estado.
Com a ação, policiais entram nos batalhões, se apresentam, mas não saem às ruas -alguns tiveram até a farda retirada.
Um policial militar em começo de carreira em Rondônia ganha R$ 920. O aumento pedido é de 50%, e o governo concedeu reajuste de 4%. O Estado tem 5.000 PMs.
Não havia policiais nas ruas de Porto Velho ontem, segundo o movimento. O governo afirma que 10% dos 1.500 policiais da cidade trabalharam e que, pelo interior, o movimento atingiu 50% do efetivo.
Diante da situação, o governador Ivo Cassol (sem partido) pediu ajuda às polícias Civil e Federal, e solicitou o envio da Força Nacional de Segurança -que não havia sido autorizado pelo Ministério da Justiça até o início da noite de ontem.
A situação causou caos em Porto Velho, segundo o presidente do Sinsepol (Sindicato da Polícia Civil), Cícero Moreira.
Ele disse que foram registrados cinco homicídios na cidade no final de semana, com um policial civil morto em confronto com assaltantes. Até ontem à tarde houve registro de oito assaltos à mão armada na cidade. Os números estão acima da média, segundo o sindicato.
"A Polícia Civil não tem efetivo nem munição para enfrentar essa situação incontrolável. Hoje nos negamos a fazer patrulhamento, mas só na Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio, 26 dos 28 policiais tiveram que ir para as ruas", disse Moreira.
O bloqueio levou o governo estadual a deslocar 96 funcionários de sua guarda particular para fazer policiamento na capital. Uma reunião com o movimento teve início à noite.
A Justiça de Rondônia considerou o movimento das mulheres de policiais ilegal e determinou multa de R$ 50 mil por "cada ato vedado praticado".


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