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Delegado é acusado de cobrar para investigar crime
Policial de Campinas foi preso sob suspeita de cobrar R$ 1.000 de um empresário para apurar furto e tentativa de sequestro
Corregedoria investiga se delegado teria cobrado propina de outras vítimas; advogado nega que policial tenha praticado o crime
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Um delegado da Polícia Civil
de Campinas (93 km de SP) foi
preso em flagrante anteontem
pela Corregedoria da corporação sob a acusação de cobrar
R$ 1.000 de um empresário para investigar um furto seguido
de tentativa de sequestro.
Foi o 51º caso de policial preso na região de Campinas nos
últimos 18 meses, segundo levantamento do Gaeco (Grupo
de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do
Ministério Público Estadual de
Campinas, que também participou da prisão.
O delegado Alexandre Gomes Nogueira, 51, plantonista
do 9º Distrito Policial de Campinas, responderá pelos crimes
de corrupção passiva (quando o
agente público é corrompido) e
porte ilegal de munição. O advogado Ralph Tórtima Filho
negou que o delegado tenha
praticado os crimes.
O delegado titular da Corregedoria da Polícia Civil de
Campinas, Roveraldo Bataglini, informou, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança, que Nogueira começou a ser investigado há uma semana, depois que
o empresário -que não teve o
nome divulgado- denunciou
que estava sendo extorquido.
Nogueira foi preso em flagrante com a ajuda do empresário, que marcou um encontro
para entregar a quantia supostamente pedida pelo delegado.
O empresário declarou que
Nogueira havia se comprometido a investigar o crime sofrido
por ele no ano passado.
O delegado foi encaminhado
ontem ao Presídio Especial da
Polícia Civil, em São Paulo.
Agora, a Corregedoria vai investigar se ele pediu dinheiro a
outras pessoas para fazer investigações paralelas.
No mesmo dia, a Corregedoria realizou uma busca no apartamento do delegado e encontrou munições calibre 357-Magnun, de fabricação norte-americana e que não são usadas
pela polícia paulista, segundo a
secretaria estadual.
Caso o delegado seja denunciado pelos crimes de corrupção passiva e porte ilegal de
munição, ele poderá pegar até
14 anos de prisão.
Para o crime de corrupção, o
Código Penal prevê pena de 2 a
12 anos de prisão. No caso de
porte de munição ilegal, a pena
prevista no Estatuto do Desarmamento vai de 1 a 2 anos de
prisão, além de multa.
Segundo a Secretaria da Segurança, o inquérito deve ser
concluído em dez dias. O delegado também responderá administrativamente pelos supostos crimes.
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