São Paulo, quarta-feira, 15 de julho de 2009

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Delegado é acusado de cobrar para investigar crime

Policial de Campinas foi preso sob suspeita de cobrar R$ 1.000 de um empresário para apurar furto e tentativa de sequestro

Corregedoria investiga se delegado teria cobrado propina de outras vítimas; advogado nega que policial tenha praticado o crime

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Um delegado da Polícia Civil de Campinas (93 km de SP) foi preso em flagrante anteontem pela Corregedoria da corporação sob a acusação de cobrar R$ 1.000 de um empresário para investigar um furto seguido de tentativa de sequestro.
Foi o 51º caso de policial preso na região de Campinas nos últimos 18 meses, segundo levantamento do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público Estadual de Campinas, que também participou da prisão.
O delegado Alexandre Gomes Nogueira, 51, plantonista do 9º Distrito Policial de Campinas, responderá pelos crimes de corrupção passiva (quando o agente público é corrompido) e porte ilegal de munição. O advogado Ralph Tórtima Filho negou que o delegado tenha praticado os crimes.
O delegado titular da Corregedoria da Polícia Civil de Campinas, Roveraldo Bataglini, informou, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança, que Nogueira começou a ser investigado há uma semana, depois que o empresário -que não teve o nome divulgado- denunciou que estava sendo extorquido.
Nogueira foi preso em flagrante com a ajuda do empresário, que marcou um encontro para entregar a quantia supostamente pedida pelo delegado.
O empresário declarou que Nogueira havia se comprometido a investigar o crime sofrido por ele no ano passado.
O delegado foi encaminhado ontem ao Presídio Especial da Polícia Civil, em São Paulo. Agora, a Corregedoria vai investigar se ele pediu dinheiro a outras pessoas para fazer investigações paralelas.
No mesmo dia, a Corregedoria realizou uma busca no apartamento do delegado e encontrou munições calibre 357-Magnun, de fabricação norte-americana e que não são usadas pela polícia paulista, segundo a secretaria estadual.
Caso o delegado seja denunciado pelos crimes de corrupção passiva e porte ilegal de munição, ele poderá pegar até 14 anos de prisão.
Para o crime de corrupção, o Código Penal prevê pena de 2 a 12 anos de prisão. No caso de porte de munição ilegal, a pena prevista no Estatuto do Desarmamento vai de 1 a 2 anos de prisão, além de multa.
Segundo a Secretaria da Segurança, o inquérito deve ser concluído em dez dias. O delegado também responderá administrativamente pelos supostos crimes.


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