São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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OUTRO PERFUME

Principal entrave é financeiro, mas há a intenção de estender a despoluição para os de parques na periferia

Recuperação começa em lago de área nobre

DA REPORTAGEM LOCAL

A tentativa de acabar com o lançamento de esgoto nos lagos dos parques municipais de São Paulo e de limpá-los começou neste ano pela maior vitrine da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, o Ibirapuera. O plano é estender o projeto, a partir de 2005, aos parques da Aclimação e Cidade de Toronto (nessa ordem), também em áreas nobres. Só então as ações seguem rumo à periferia.
Como o principal entrave à iniciativa é financeiro, foram eleitas prioridades. "Fazer os projetos em parques de maior visibilidade se justifica pelo caráter de educação ambiental", afirma Luiz Fernando Orsini Yasaki, que coordena a despoluição no Ibirapuera.
Nesses locais, sustenta, as ações ganham maior divulgação, são acompanhadas por mais pessoas, que vão entender a seguinte mensagem: a poluição dos lagos é a parte visível da poluição dos córregos e riachos que cortam a cidade, mas foram canalizados e estão escondidos sob o asfalto.
O projeto de despoluição do córrego Sapateiro, que forma os lagos do Ibirapuera, já ganhou a mídia e, se funcionar como o esperado, será replicado. Consiste de uma operação caça-esgoto nas casas da região, para identificar as ligações clandestinas. Depois os irregulares serão notificados e a situação, consertada pela Sabesp. O terceiro passo é a remoção do lodo acumulado nos lagos.
Apenas a primeira parte, que deve terminar até o fim do ano, custou R$ 1,5 milhão à prefeitura.
Segundo Ricardo Araújo, da Sabesp, na região do parque da Aclimação, foi finalizada a correção das ligações de esgoto na rede de água da chuva, um compromisso com o Ministério Público. "Em certos lugares, não é fácil porque tem de instalar coletor tronco [que recolhe todo o esgoto da área], uma obra grande e cara."
Em relação ao parque Cidade de Toronto (zona norte), Araújo diz acreditar que a poluição do lago vai melhorar com a saída, nos próximos meses, de uma favela na margem da rodovia dos Bandeirantes, cujos moradores serão relocados pela CDHU (companhia de habitação do governo).
Sobre os demais parques com problemas, Araújo afirma não ter informações detalhadas. "Mas essas coisas só vão ser corrigidas lentamente. Não há solução mágica para esta cidade", afirma.
Como a culpa pela poluição dos lagos é conjunta, a solução terá de ser feita em parceria, dizem Araújo e o secretário do Verde e do Meio Ambiente, Adriano Diogo.
Ambos se mostram dispostos à colaboração, mas o primeiro convênio, para notificação e regularização das ligações clandestinas na região do Ibirapuera, ainda não saiu por "problemas burocráticos", afirma Araújo. "Ano de eleição é complicado", admite.
"A valorização do espaço urbano das cidades, que ficam mais caras, vai exigir que os lugares mais emblemáticos estejam mais bonitos e protegidos. Vai ser politicamente muito difícil justificar que se jogue esgoto nas galerias e nos lagos", diz, por sua vez, Diogo. (MARIANA VIVEIROS)


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