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Promotor é torturado por horas em favela
Rendido quando estacionava o carro, em Niterói, ele contou ter sido confundido com um policial por portar uma pistola
Segundo o Ministério Público, o promotor passou algumas horas em poder dos criminosos; o caso aconteceu no último dia 5
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Confundido com um policial,
um promotor de Justiça do Estado do Rio foi seqüestrado e
torturado durante horas por
traficantes de um morro de Niterói (região metropolitana).
Ele só foi libertado após convencer os criminosos de que
não era da polícia.
Em nota, o Ministério Público Estadual classificou o episódio como "seqüestro relâmpago", sem relação com o trabalho
que o promotor desenvolve na
Vara da Infância, Juventude e
Idoso de sua cidade.
O caso aconteceu no último
dia 5 e foi revelado ontem pelo
jornal "Extra".
O promotor (por questão de
segurança, a Folha não divulga
seu nome) foi abordado pelos
criminosos no bairro de Icaraí,
área nobre de Niterói.
Ele acabara de deixar o pai
em um bar e estava estacionando o carro quando foi atacado
por um grupo de homens. Segundo a 77ª DP (Delegacia de
Polícia), o objetivo dos criminosos era roubar o carro.
Segundo relato do promotor
à polícia, ao ser rendido, os assaltantes perceberam que ele
portava uma pistola -promotores são autorizados a carregar armas. Os assaltantes concluíram então que o promotor
era da polícia e decidiram levá-lo para o morro Souza Soares,
no bairro vizinho de Santa Rosa (zona sul de Niterói), segundo o comandante do CPAE
(Comando de Policiamento de
Áreas Especiais da Polícia Militar) da área, tenente-coronel
Rosano Augusto.
O promotor contou na delegacia que, no morro, foi levado
aos chefes do tráfico, Ali, foi
agredido e torturado até conseguir convencer os criminosos
de que não era policial.
A polícia não informou
quanto tempo o promotor ficou em poder dos traficantes.
Segundo o Ministério Público,
o seqüestro durou "algumas
horas" e os criminosos roubaram a arma e objetos pessoais.
Após ser liberado, muito machucado, o promotor desceu a
favela, acompanhado de um
dos criminosos. Em seguida,
registrou o caso na delegacia.
O pai do promotor disse à
Folha, por telefone, que o filho
passa bem. "Está tudo bem agora, ele não está mais muito machucado", afirmou. Ele não informou se o filho precisou de
atendimento médico. A polícia
também não soube dizer se ele
foi submetido a exame no IML.
A delegada-titular da 77ª DP,
Janaína Pelegrino, disse que a
chefia da Polícia Civil determinou sigilo no caso. Por meio da
assessoria de imprensa, a chefia do órgão informou que só
vai divulgar informações quando o inquérito for concluído.
Na área de abrangência da
delegacia de Icaraí, não são comuns os casos de seqüestro relâmpago, como o Ministério
Público classificou o crime. Nos
cinco primeiros meses deste
ano e em todo o ano passado,
não houve nenhum caso do tipo, de acordo com estatísticas
da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio.
Já os roubos de veículo na
área somam 98 só nos cinco
primeiros meses deste ano.
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