São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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Caso de micobactéria terá de ser notificado

Anvisa tornou obrigatória a comunicação deste tipo de infecção ao governo; grupo especial vai fazer vistorias nos Estados

Fabricantes de saneantes usados na esterilização terão de comprovar a eficácia dos produtos no combate às micobactérias


CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu ontem tornar as infecções por micobactéria doenças de notificação compulsória, o que obriga os hospitais a informarem ao governo o surgimento de novos casos. Fazem parte desse rol de doenças a dengue e a febre amarela, por exemplo.
Os fabricantes de saneantes usados na esterilização de equipamentos também terão de comprovar a eficácia dos produtos no combate às micobactérias massiliense e abscessus -responsáveis pela maioria das infecções no país- para conseguirem registrá-los e vendê-los no Brasil.
A agência pediu ainda um estudo para avaliar a eficácia do glutaraldeído, um dos saneantes mais usados nos hospitais.
Dois estudos feitos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pelo laboratório Fleury apontaram que a micobactéria massiliense pode ter se tornado resistente a ele.

Falhas
Para o presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, as investigações apontam que as infecções ocorreram por falhas nos processos de limpeza, desinfecção e esterilização.
A suspeita é que os aparelhos não eram limpos adequadamente antes de serem desinfetados. Além disso, em razão do grande volume de cirurgias nos hospitais, o processo de esterilização estava sendo simplificado, em desacordo com as normas técnicas vigentes.
As decisões foram tomadas na noite de ontem. Ficou acertado ainda a criação de uma força-tarefa para vistorias e fiscalizações nos Estados.
O país vive uma epidemia de infecções por micobactéria. A situação é descrita pela Anvisa como "emergência epidemiológica" nunca vista no Brasil nem no exterior. Desde 2001, houve 2.025 casos em 14 Estados, a maioria após videolaparoscopias abdominais (72%), seguidas por cirurgias pélvicas, ortopédicas e plásticas.
Na última segunda, o ministro José Gomes Temporão (Saúde) minimizou a situação classificando as infecções por micobactéria no país como "situações muito específicas, num contexto de milhões de cirurgias que o Brasil realiza".


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