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Caso de micobactéria terá de ser notificado
Anvisa tornou obrigatória a comunicação deste tipo de infecção ao governo; grupo especial vai fazer vistorias nos Estados
Fabricantes de saneantes usados na esterilização terão de comprovar a eficácia dos produtos no combate às micobactérias
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) decidiu
ontem tornar as infecções por
micobactéria doenças de notificação compulsória, o que
obriga os hospitais a informarem ao governo o surgimento
de novos casos. Fazem parte
desse rol de doenças a dengue e
a febre amarela, por exemplo.
Os fabricantes de saneantes
usados na esterilização de equipamentos também terão de
comprovar a eficácia dos produtos no combate às micobactérias massiliense e abscessus
-responsáveis pela maioria
das infecções no país- para
conseguirem registrá-los e
vendê-los no Brasil.
A agência pediu ainda um estudo para avaliar a eficácia do
glutaraldeído, um dos saneantes mais usados nos hospitais.
Dois estudos feitos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pelo laboratório Fleury
apontaram que a micobactéria
massiliense pode ter se tornado
resistente a ele.
Falhas
Para o presidente da Anvisa,
Dirceu Raposo de Mello, as investigações apontam que as infecções ocorreram por falhas
nos processos de limpeza, desinfecção e esterilização.
A suspeita é que os aparelhos
não eram limpos adequadamente antes de serem desinfetados. Além disso, em razão do
grande volume de cirurgias nos
hospitais, o processo de esterilização estava sendo simplificado, em desacordo com as normas técnicas vigentes.
As decisões foram tomadas
na noite de ontem. Ficou acertado ainda a criação de uma força-tarefa para vistorias e fiscalizações nos Estados.
O país vive uma epidemia de
infecções por micobactéria. A
situação é descrita pela Anvisa
como "emergência epidemiológica" nunca vista no Brasil nem
no exterior. Desde 2001, houve
2.025 casos em 14 Estados, a
maioria após videolaparoscopias abdominais (72%), seguidas por cirurgias pélvicas, ortopédicas e plásticas.
Na última segunda, o ministro José Gomes Temporão
(Saúde) minimizou a situação
classificando as infecções por
micobactéria no país como "situações muito específicas, num
contexto de milhões de cirurgias que o Brasil realiza".
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