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"Doentes" assumem que são vítimas dos sintomas
ANTONINA LEMOS
da Reportagem Local
Pensar em alguém quatro horas
por dia é considerado muito pouco por quem está apaixonado.
"Imagina, eu penso nisso umas 24
horas, quem pensa só quatro horas não está apaixonado", diz a
vendedora Elaine dos Santos, 18.
Para conversar sobre essa
"doença", a Folha reuniu dois casais que assumem serem portadores do "vírus". Jimmy Freire, 22, e
Elaine estão juntos há dez dias. Os
estudantes André Dias, 23, e Andréa Alvez, 19, namoram há 11
meses.
Os quatro dizem sentir vários
sintomas da doença. "Eu não consigo mais dormir direito, fico pensando nela o tempo todo", diz
Jimmy, que também assume que
agora vive constantemente com
as mãos geladas e que perde o
apetite. "Eu penso tanto que esqueço até de comer."
Elaine conta que começou a comer mais chocolate e que passa
todo o dia ansiosa. "Acho que essa ansiedade está ligada à insegurança. No início, a gente fica muito sem saber o que está acontecendo", diz.
Jimmy concorda: "O principal
problema é ficar pensando se a
pessoa gosta de você ou não".
A "doença" também incomoda
os amigos. "Meus amigos não
aguentam mais me ouvir falar dela." Com Elaine é parecido.
"Quando eu encontro com as minhas amigas, prefiro ficar quieta,
senão já sei que vou ficar falando
sempre sobre o mesmo assunto."
Os dois acreditam que, com o
tempo, os sintomas se amenizem.
"Acho que, quando você já está
com alguém há um certo tempo,
começa a ficar mais seguro, e aí
passa a se sentir mais tranquilo",
diz Jimmy.
Nem sempre é o que acontece.
Às vezes, os sintomas têm longa
duração. Andréa e André namoram há 11 meses, mas ainda continuam a sentir alguns dos sinais da
"doença".
"Acho que agora fico mais nervosa do que no começo", diz Andréa. Ela costuma ter pesadelos
com o namorado. O enredo costuma ser o mesmo: ele ficando
com outra pessoa. Muitas vezes,
ela acorda desses sonhos chorando e liga correndo para o namorado "só para saber se está tudo
bem com ele".
Andréa também fica em pânico
quando ele se atrasa. Mesmo
quando o atraso é de 15 minutos.
"Nessas horas, fico muito ansiosa
e só consigo pensar em coisas
ruins", diz.
André se sente menos "doente"
do que no início do namoro. "Antes era doença mesmo. Eu ficava
sem conseguir dormir direito.
Agora, acho que a situação é mais
real, por isso, fico menos tenso."
Mesmo assim, ele assume que
sofre de ansiedade. "Vou ficando
muito tenso quando vai chegando a hora de a gente se encontrar.
Acho que isso é mesmo um pouco
doentio."
Apesar do longo tempo de namoro, André ainda faz coisas como acordar uma hora mais cedo
só para dar uma passadinha no
colégio onde a namorada faz cursinho.
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