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Sintomas só duram seis meses
da Reportagem Local
Quem está sofrendo de todos os
sintomas da paixão e agora acaba
de descobrir que isso ainda pode
ser uma doença não precisa se desesperar. Seus efeitos só duram
em torno de seis meses.
Depois disso, o que foi descrito
aos psiquiatras italianos da Universidade de Pisa como uma
"tontura" inicial pode diminuir e
desaparecer ou dar lugar a um
sentimento mais brando, o amor.
"Você pergunta: a afinidade, a
amizade, o comportamento e a
inteligência não têm influência?
Todos esses fatores estão envolvidos em uma segunda fase do relacionamento, quando você passa
da paixão para o amor de verdade", disse a psiquiatra Donatella
Marazziti.
E esses são os fatores que aparecem após os primeiros meses de
"tontura", quando a imagem do
ser desejado é, inclusive, idealizada como a da única pessoa perfeita para você. São nesses meses
que a quantidade de serotonina
no cérebro fica abaixo do normal.
E que o apaixonado pode ser
comparado ao doente obsessivo
compulsivo.
Psiquiatras brasileiros, entretanto, discordam dessa avaliação.
A psiquiatra Maria Conceição
do Rosário Campos, membro do
grupo do Hospital das Clínicas
que estuda transtorno obsessivo
compulsivo, diz que há anos se
comparam os sintomas dessa
doença com a paixão.
"É normal uma pessoa apaixonada ter alguns pensamentos obsessivos, assim como é normal alguém que acabou de ter um filho
ter pensamentos obsessivos com
ele, como checar se está bem no
berço todo instante. Só que as
duas coisas passam, enquanto o
transtorno obsessivo compulsivo
é uma rotina", disse.
Para ela, os estudos comparando a doença e a paixão -envolvendo aí a quantidade de serotonina no cérebro- são importantes para estabelecer suas diferenças e não as semelhanças.
"O importante é descobrirmos
por que, se nos dois casos os sintomas são parecidos e há menor
quantidade de serotonina no cérebro, um deles passa depois de
alguns meses e o outro não", disse
Maria Conceição.
Para o supervisor do Serviço de
Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas,
Eduardo Ferreira-Santos, a paixão é a emoção mais corporal do
amor, porque é um movimento
de transformação, mas só é obsessiva em casos extremos.
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