São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

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Desativação atrasou quase 20 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois motivos explicam por que a Casa de Detenção não foi desativada antes, segundo ex-autoridades do governo paulista: a falta de dinheiro para a construção de novas prisões e a explosão de detentos na década de 90.
O advogado José Carlos Dias, secretário de Justiça em 83, tentou negociar a área do Carandiru. Com o dinheiro, construiria novos presídios. Não deu certo na época, diz ele, por causa da lei de zoneamento da cidade, que impedia a construção de prédios ali.
O projeto passou os anos seguintes engavetado. Uma nova Casa de Detenção começou a ser construída ao lado, dentro do complexo, com capacidade para 3.200 detentos. A obra parou no ""esqueleto" dos prédios.
Em 96, o então secretário da Administração Penitenciária, João Benedicto de Azevedo Marques, tentou retomar o projeto de Dias, articulando na Câmara Municipal a mudança na classificação do zoneamento da área.
A negociação falhou e a estratégia de financiamento teve de ser alterada. Em setembro de 96, o governo federal liberou R$ 83 milhões para a construção de nove novos presídios no Estado, que deveriam servir para fechar de vez a Casa de Detenção.
Quatro meses depois, com recursos próprios, o governo estadual começou a construir outras 12 prisões. ""O número de prisões dobrou no Estado e não conseguimos mais esvaziar a Detenção", afirma o ex-secretário.
De 96 para 98, a população carcerária de São Paulo aumentou 11,3 mil -o equivalente a mais de uma outra Casa de Detenção.
Em outubro de 2000, Covas anunciou o fim do projeto. ""Não existe perspectiva a curto prazo para que ele seja destruído." A idéia era implodir toda a unidade.
O governo estadual chegou a estudar a retomada da obra da nova Casa de Detenção, abandonada anos antes. Desistiram.
No ano passado, após a morte de Covas, o governador Geraldo Alckmin anunciou a desativação da Detenção para março deste ano. Teve de alterar os planos por causa da superlotação das outras unidades, que começaram a ter problemas com rebeliões.
O projeto de reutilização da área que será aplicado é o plano da gestão Mário Covas, modificado. Entre 97 e 98, houve um concurso para a escolha da melhor idéia.


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