São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

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ACNE

Isotretinoína foi incluída na lista dos remédios excepcionais

Droga aprovada pelo ministério não é distribuída em 11 Estados

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos 11 Estados brasileiros ainda não oferecem aos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) a droga isotretinoína, princípio ativo do Roacutan, a única considerada eficaz contra os casos graves de acne. Estima-se que 3 milhões de jovens brasileiros sofram com a acne.
A distribuição do medicamento na rede pública foi aprovada pelo Ministério da Saúde há um ano, quando a droga foi incluída na lista dos remédios considerados excepcionais, aqueles de uso continuado e de alto custo. Cabe a cada Estado fazer as licitações e efetuar as compras.
Os Estados que ainda não dispõem da isotretinoína são: Acre, Roraima, Rondônia, Tocantins, Amazonas, Amapá, Piauí, Sergipe, Minas Gerais e Santa Catarina, além do Distrito Federal. A maioria deles alega que o processo de licitação para a compra do remédio ainda está em andamento.
No Distrito Federal, por exemplo, 30 pessoas aguardam na fila de espera o término do processo de licitação para obter o medicamento, segundo Heloísa Belle, diretora de produtos de alta complexidade da Secretaria da Saúde do Estado.
Em Minas Gerais, a Secretaria da Saúde estima que existam cerca de 500 pessoas à espera do medicamento. Não há um cadastro oficial dos pacientes nem estimativa de quanto tempo vai demorar o processo de licitação.
Para o dermatologista Sebastião Sampaio, 82, que trata pacientes com isotretinoína há 20 anos, é fundamental que os Estados passem a distribuir o remédio. "Não há mais motivo para as pessoas ficarem sofrendo com acne."
Sampaio diz que, das 5.000 pessoas que tratou, 99% ficaram curadas da acne. Segundo estudos do laboratório Roche, fabricante da droga, a doença pode reincidir em 5% dos casos.
Mas o médico alerta que o remédio pode, por exemplo, causar deformação no feto se for tomado durante a gravidez. Por isso seu uso exige receita médica e a assinatura de um termo de consentimento do paciente. Outra restrição: ele só poderá ser receitado a pacientes maiores de 15 anos.
Os efeitos colaterais mais comuns são ressecamento nos lábios, olhos e nariz, que pode até sangrar. O tratamento dura de quatro a cinco meses.


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