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MASSACRE NO CENTRO
Segunda onda de agressões teria sido oportunista, motivada por rixas pessoais; caso deve vir à tona hoje
Para a polícia, ataques são obras de 2 grupos
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil tem fortes indícios de que as duas ondas de ataques que levaram à morte sete
moradores de rua no centro de
São Paulo foram obra de dois grupos. Hoje, parte dessa história deve ser oficialmente divulgada.
De acordo com as informações
obtidas pela Folha, o principal
suspeito da primeira onda de ataques é um segurança clandestino,
tio de um guarda-civil. Ainda não
há informações sobre a possível
participação do GCM no caso.
Na última sexta, a polícia cumpriu um mandado de busca e
apreensão na casa do suspeito. Os
investigadores tentavam localizar
a arma do crime, mas encontraram apenas um uniforme preto,
compatível com os descritos por
feridos e testemunhas dos ataques
ocorridos no dia 19. As peças estão no Instituto de Criminalística
para que os peritos respondam se
elas têm vestígios de sangue. Os
ataques de 19 de agosto deixaram
seis mortos e cinco feridos.
A segunda onda de agressões
aconteceu no dia 22, deixando
uma mulher morta e três feridos.
De acordo com as investigações
do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), ela
é obra de um segundo grupo, que
se aproveitou do massacre ocorrido três dias antes para promover
uma espécie de vingança contra
um morador de rua. Para que o
caso fosse confundido com o primeiro, mais três foram atacados.
Ontem, o DHPP colocou dois
suspeitos de participação nas
agressões do dia 22 diante de quatro testemunhas do caso. Os homens não foram reconhecidos,
mas a polícia teria mais provas da
participação de pelo menos um
deles nos ataques e planejava
mantê-lo sob vigilância durante à
noite até que pudesse obter sua
prisão temporária.
"Amanhã [hoje] será um dia
importante. Teremos novidades",
limitou-se a dizer o delegado Luiz
Fernando Lopes Teixeira, ao deixar o departamento, à noite, após
uma reunião com o promotor
Carlos Marangoni Talarico.
Em 26 de agosto, quando recebeu o resultado das análises feitas
pelo IML nos corpos das vítimas,
Teixeira declarou que os laudos
sugeriam que os golpes haviam sido desferidos pela mesma pessoa,
devido à mesma inclinação e à
profundidade dos ferimentos.
As investigações, no entanto, segundo a Folha apurou, contrariaram suas impressões, mas corroboraram a tese segundo a qual o
instrumento usado foi sempre
contundente, como uma espécie
de cassetete, e empunhado por alguém treinado para usá-lo.
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