São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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MASSACRE NO CENTRO

Segunda onda de agressões teria sido oportunista, motivada por rixas pessoais; caso deve vir à tona hoje

Para a polícia, ataques são obras de 2 grupos

SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil tem fortes indícios de que as duas ondas de ataques que levaram à morte sete moradores de rua no centro de São Paulo foram obra de dois grupos. Hoje, parte dessa história deve ser oficialmente divulgada.
De acordo com as informações obtidas pela Folha, o principal suspeito da primeira onda de ataques é um segurança clandestino, tio de um guarda-civil. Ainda não há informações sobre a possível participação do GCM no caso.
Na última sexta, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do suspeito. Os investigadores tentavam localizar a arma do crime, mas encontraram apenas um uniforme preto, compatível com os descritos por feridos e testemunhas dos ataques ocorridos no dia 19. As peças estão no Instituto de Criminalística para que os peritos respondam se elas têm vestígios de sangue. Os ataques de 19 de agosto deixaram seis mortos e cinco feridos.
A segunda onda de agressões aconteceu no dia 22, deixando uma mulher morta e três feridos. De acordo com as investigações do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), ela é obra de um segundo grupo, que se aproveitou do massacre ocorrido três dias antes para promover uma espécie de vingança contra um morador de rua. Para que o caso fosse confundido com o primeiro, mais três foram atacados.
Ontem, o DHPP colocou dois suspeitos de participação nas agressões do dia 22 diante de quatro testemunhas do caso. Os homens não foram reconhecidos, mas a polícia teria mais provas da participação de pelo menos um deles nos ataques e planejava mantê-lo sob vigilância durante à noite até que pudesse obter sua prisão temporária.
"Amanhã [hoje] será um dia importante. Teremos novidades", limitou-se a dizer o delegado Luiz Fernando Lopes Teixeira, ao deixar o departamento, à noite, após uma reunião com o promotor Carlos Marangoni Talarico.
Em 26 de agosto, quando recebeu o resultado das análises feitas pelo IML nos corpos das vítimas, Teixeira declarou que os laudos sugeriam que os golpes haviam sido desferidos pela mesma pessoa, devido à mesma inclinação e à profundidade dos ferimentos.
As investigações, no entanto, segundo a Folha apurou, contrariaram suas impressões, mas corroboraram a tese segundo a qual o instrumento usado foi sempre contundente, como uma espécie de cassetete, e empunhado por alguém treinado para usá-lo.


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