São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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SAÚDE

Médicos dizem que exame é pouco utilizado no Brasil

Estudo nos EUA vê risco de câncer em tomografia de corpo inteiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo da Universidade de Columbia (Estados Unidos), divulgado na semana retrasada -e alvo de editorial do "New York Times" na semana que passou-, chamou a atenção para o risco de um tipo de exame de imagem, a tomografia computadorizada de corpo inteiro, causar câncer.
Apesar de o alerta ser importante, especialistas brasileiros apontam que o exame é pouco utilizado no país. Segundo pesquisa feita por David Brenner, publicada na revista "Radiology", esse tipo de procedimento diagnóstico, usado no rastreamento de tumores, pode, ironicamente, aumentar o risco total de câncer.
A dose estimada de radiação recebida nos pulmões ou no estômago em um só exame corresponde a recebida por sobreviventes de bombas atômicas, afirmou Brenner, que considera que o risco do exame supera o benefício.
"Não há pedido, o SUS [Sistema Único de Saúde] não paga e não há esse procedimento na tabela dos convênios", diz o presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, Aldemir Humberto Soares.
Ele diz que no país, diferentemente de nos EUA, os exames radiológicos só podem ser feitos com pedido de médico ou dentista. "Na tomografia de todo o corpo realmente o volume de radiação é grande", afirma.
Segundo Soares, além dos americanos fazerem o exame por conta própria, naquele país os médicos preferem esse tipo de procedimento ao ultra-som (mais usado no Brasil). "Nos EUA é comum um paciente com trauma chegar ao hospital e ser feita uma tomografia de corpo inteiro." O presidente diz que no Brasil existe pedidos dirigidos da tomografia, apenas para uma parte do corpo.
"O exame [de corpo inteiro] não se justifica. Ele deve ser objetivo, não um procedimento de varredura", diz Giovanni Guido Cerri, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. (FABIANE LEITE)


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