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FIO DE DÚVIDAS
Balanço do programa da Secretaria da Saúde de SP mostra que 85% das consultas envolvem o tema
Perguntas sobre sexo são as campeãs no disque-adolescente
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Segunda-feira eles estão preocupados com o fato consumado:
"Como saber se tive um bom desempenho na cama?", "quanto
tempo dura uma ereção?", "a pílula do dia seguinte funciona mesmo?". Sexta, as maiores dúvidas
giram em torno de planos para o
fim de semana que chega: "Como
saber se ele(a) está a fim de
mim?", "estou no período fértil?".
As perguntas podem até variar,
mas o sexo é o tema central de
85% dos atendimentos do Disque-Adolescente entre julho de
2003 e julho de 2004.
A percentagem deixa bem atrás
questões sobre relacionamentos
familiares (2%) e educação
(1,5%). Os dados são resultado de
um balanço do serviço, ligado à
Secretaria de Estado da Saúde de
São Paulo e que completará dez
anos em outubro.
Eles não chegam a surpreender.
"A sexualidade, os relacionamentos a dois são extremamente presentes no dia-a-dia dos adolescentes, e eles sentem necessidade
de conversar sobre isso sem censura, sem julgamentos", diz Albertina Duarte Takiuki, coordenadora do Programa de Saúde do
Adolescente da secretaria.
"Os pais hoje falam muito mais
com os filhos, mas entre falar e
acolher existe um caminho longo", afirma.
Segundo ela, muitas vezes os jovens não esperam resposta nem
orientação, ficam satisfeitos só em
colocar para fora o que sentem.
A procura pelo Disque-Adolescente comprova a necessidade de
desabafar. Mesmo com um horário reduzido -segunda a sexta,
das 11h às 14h-, ele recebeu 5.000
ligações no período avaliado pelo
balanço, uma média de 20 por dia.
A maioria absoluta dos que telefonam são mulheres (83%), a idade predominante fica entre 13 e 20
anos, e eles pertencem a todas as
classe sociais, afirma Takiuki.
Ela diz ainda que os meninos
costumam ligar em grupo; que os
dias de terça, quarta e quinta concentram perguntas sobre relacionamentos com família e amigos; e
que vêm aumentando as consultas sobre homossexualidade. "Falar no telefone dá mais liberdade."
O telefone do Disque-Adolescente é o 0/xx/11/3819-2022. Não é
preciso se identificar. As ligações
são atendidas por profissionais de
saúde treinados e supervisionados por médicos ou psicólogos.
Embora perguntas sobre período fértil e pílula do dia seguinte
revelem que certas recomendações da cartilha do "sexualmente
correto" ainda são descumpridas,
a Secretaria da Saúde avalia que o
Disque-Adolescente ajuda a reduzir problemas como a gravidez na
adolescência. No Estado, em 2003
foram registradas 108,9 mil mulheres menores de 20 anos grávidas; em 98 foram 148 mil.
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