São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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FIO DE DÚVIDAS

Balanço do programa da Secretaria da Saúde de SP mostra que 85% das consultas envolvem o tema

Perguntas sobre sexo são as campeãs no disque-adolescente

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Segunda-feira eles estão preocupados com o fato consumado: "Como saber se tive um bom desempenho na cama?", "quanto tempo dura uma ereção?", "a pílula do dia seguinte funciona mesmo?". Sexta, as maiores dúvidas giram em torno de planos para o fim de semana que chega: "Como saber se ele(a) está a fim de mim?", "estou no período fértil?".
As perguntas podem até variar, mas o sexo é o tema central de 85% dos atendimentos do Disque-Adolescente entre julho de 2003 e julho de 2004.
A percentagem deixa bem atrás questões sobre relacionamentos familiares (2%) e educação (1,5%). Os dados são resultado de um balanço do serviço, ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e que completará dez anos em outubro.
Eles não chegam a surpreender. "A sexualidade, os relacionamentos a dois são extremamente presentes no dia-a-dia dos adolescentes, e eles sentem necessidade de conversar sobre isso sem censura, sem julgamentos", diz Albertina Duarte Takiuki, coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente da secretaria.
"Os pais hoje falam muito mais com os filhos, mas entre falar e acolher existe um caminho longo", afirma.
Segundo ela, muitas vezes os jovens não esperam resposta nem orientação, ficam satisfeitos só em colocar para fora o que sentem.
A procura pelo Disque-Adolescente comprova a necessidade de desabafar. Mesmo com um horário reduzido -segunda a sexta, das 11h às 14h-, ele recebeu 5.000 ligações no período avaliado pelo balanço, uma média de 20 por dia.
A maioria absoluta dos que telefonam são mulheres (83%), a idade predominante fica entre 13 e 20 anos, e eles pertencem a todas as classe sociais, afirma Takiuki.
Ela diz ainda que os meninos costumam ligar em grupo; que os dias de terça, quarta e quinta concentram perguntas sobre relacionamentos com família e amigos; e que vêm aumentando as consultas sobre homossexualidade. "Falar no telefone dá mais liberdade."
O telefone do Disque-Adolescente é o 0/xx/11/3819-2022. Não é preciso se identificar. As ligações são atendidas por profissionais de saúde treinados e supervisionados por médicos ou psicólogos.
Embora perguntas sobre período fértil e pílula do dia seguinte revelem que certas recomendações da cartilha do "sexualmente correto" ainda são descumpridas, a Secretaria da Saúde avalia que o Disque-Adolescente ajuda a reduzir problemas como a gravidez na adolescência. No Estado, em 2003 foram registradas 108,9 mil mulheres menores de 20 anos grávidas; em 98 foram 148 mil.


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