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A SANGUE FRIO
Ele diz que se envolveu na morte de decasséguis porque foi ameaçado
Acusado de matar família
devia dinheiro para agiota
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O vigilante Ricardo Francisco
dos Santos, 26, que, segundo a polícia, participou do assalto que
terminou na morte de cinco pessoas de uma família de origem japonesa em São Paulo no último final de semana, enfrentava dificuldades financeiras e devia dinheiro
a um agiota. Até sua motocicleta,
usada por ele para chegar à casa
da família no dia do crime, estava
com prestações atrasadas e tinha
ordem judicial para apreensão.
Amigo da família Yonekura
desde a infância, Santos nega que
tenha se envolvido no roubo pelo
dinheiro -os ladrões procuravam dólares trazidos do Japão por
decasséguis da família. Ele afirma
que foi ameaçado por um comparsa, que seria o responsável pelos assassinatos.
Foram levados US$ 5.000. Um
casal de aposentados, dois filhos e
um nora foram mortos. Um filho
do casal levou pancadas na cabeça, mas sobreviveu. Um bebê de
11 meses, filho dele, foi poupado.
Para o delegado Luiz Fernando
Lopes Teixeira, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o dinheiro pode ter
motivado a participação de Santos. "A versão de que agiu só pelas
ameaças não faz sentido."
Na última segunda, uma irmã
de Santos confirmou à polícia que
ele devia dinheiro para uma agiota na zona leste. O valor seria de
apenas R$ 150.
Para a polícia, Santos falou que
a dívida chegava a R$ 2.000, mas
negou relação com o crime. Ele
admitiu, porém, que os dólares
roubados seriam trocados pelo
comparsa -Celso Alencar dos
Santos, 33, ainda não localizado-, que lhe daria uma parte.
Em uma fita com imagens gravadas pela polícia, Santos afirmou
que Celso teria ameaçado matar
sua mulher e seu filho de 11 meses.
"Fui forçado a fazer coisa que não
queria. Tudo por causa da minha
mulher e de meu filho, para não
acontecer nada com eles", disse.
No assalto, ele foi reconhecido.
Ele também falou que mais dois
homens -amigos de Celso e dos
quais ele não sabe a identidade-
foram ao local ao crime em um
Fiat Palio, mas não entraram na
casa. "Ele pode estar mentindo
para diminuir sua responsabilidade", afirmou o delegado.
Na fita, Santos afirmou ser amigo da família. No dia do crime, a
irmã de Ricardo chegou a ir ao
hospital e reconhecer o corpo de
uma das vítimas. Também se ofereceu para ficar com a criança de
11 meses, filho do sobrevivente,
sugestão negada pelo hospital.
Ontem, Santos prestou o depoimento oficial à polícia. A advogada dele disse que nem ela nem a
família falariam do caso.
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