São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2005

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A SANGUE FRIO

Ele diz que se envolveu na morte de decasséguis porque foi ameaçado

Acusado de matar família devia dinheiro para agiota

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O vigilante Ricardo Francisco dos Santos, 26, que, segundo a polícia, participou do assalto que terminou na morte de cinco pessoas de uma família de origem japonesa em São Paulo no último final de semana, enfrentava dificuldades financeiras e devia dinheiro a um agiota. Até sua motocicleta, usada por ele para chegar à casa da família no dia do crime, estava com prestações atrasadas e tinha ordem judicial para apreensão.
Amigo da família Yonekura desde a infância, Santos nega que tenha se envolvido no roubo pelo dinheiro -os ladrões procuravam dólares trazidos do Japão por decasséguis da família. Ele afirma que foi ameaçado por um comparsa, que seria o responsável pelos assassinatos.
Foram levados US$ 5.000. Um casal de aposentados, dois filhos e um nora foram mortos. Um filho do casal levou pancadas na cabeça, mas sobreviveu. Um bebê de 11 meses, filho dele, foi poupado.
Para o delegado Luiz Fernando Lopes Teixeira, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o dinheiro pode ter motivado a participação de Santos. "A versão de que agiu só pelas ameaças não faz sentido."
Na última segunda, uma irmã de Santos confirmou à polícia que ele devia dinheiro para uma agiota na zona leste. O valor seria de apenas R$ 150.
Para a polícia, Santos falou que a dívida chegava a R$ 2.000, mas negou relação com o crime. Ele admitiu, porém, que os dólares roubados seriam trocados pelo comparsa -Celso Alencar dos Santos, 33, ainda não localizado-, que lhe daria uma parte.
Em uma fita com imagens gravadas pela polícia, Santos afirmou que Celso teria ameaçado matar sua mulher e seu filho de 11 meses. "Fui forçado a fazer coisa que não queria. Tudo por causa da minha mulher e de meu filho, para não acontecer nada com eles", disse. No assalto, ele foi reconhecido.
Ele também falou que mais dois homens -amigos de Celso e dos quais ele não sabe a identidade- foram ao local ao crime em um Fiat Palio, mas não entraram na casa. "Ele pode estar mentindo para diminuir sua responsabilidade", afirmou o delegado.
Na fita, Santos afirmou ser amigo da família. No dia do crime, a irmã de Ricardo chegou a ir ao hospital e reconhecer o corpo de uma das vítimas. Também se ofereceu para ficar com a criança de 11 meses, filho do sobrevivente, sugestão negada pelo hospital.
Ontem, Santos prestou o depoimento oficial à polícia. A advogada dele disse que nem ela nem a família falariam do caso.


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