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GUERRA SEM TRINCHEIRA
Em favelas da zona norte, 11 teriam sido mortos
PM do Rio é acusada de usar "caveirão" para matar
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Moradores de favelas da zona
norte do Rio acusam policiais militares de usarem veículos blindados, como o "caveirão", para matar inocentes ou suspeitos rendidos. A corregedoria da polícia fluminense investiga essas mortes.
Entre maio e o início deste mês,
segundo moradores, ao menos 11
pessoas foram mortas durante
ações dos blindados nas favelas de
Manguinhos, Jacarezinho e Acari.
A maioria foi registrada como auto de resistência (mortes em confronto) ou alvo de bala perdida.
A Polícia Militar do governo
Rosinha Matheus (PMDB) tem
três tipos de blindados. Além do
"caveirão", do Bope (unidade de
elite), há o "paladino", do Batalhão de Choque, e o "pacificador",
que atua no complexo da Maré.
Pelos relatos, quando os blindados são usados nas favelas, os policiais atiram a esmo. Pelo alto-falante, diriam: "Saiam da rua que
viemos buscar sua alma".
No último dia 1º, dois supostos
traficantes e uma comerciante
morreram em Acari em uma incursão do "caveirão". Segundo
moradores, um rapaz de 17 anos,
desarmado, que seria traficante,
teve o crânio esfacelado pelo tiro.
Outro suspeito, que também estava desarmado, tentou fugir e
acabou morto com um tiro nas
costas. Os dois casos foram registrados como auto de resistência.
Na mesma ação, o "caveirão" foi
atingido por tiros disparados por
um traficante. Houve tiroteio, e
uma mulher de 40 anos acabou
morta por uma bala perdida.
A corregedoria apura cinco
mortes em ação do "pacificador"
nas favelas de Manguinhos e do
Jacarezinho no dia 14 de maio.
À noite, diz uma testemunha, os
policiais, com gorros, desceram
do "pacificador" e atiraram, matando duas pessoas num ponto de
ônibus, uma moradora de rua de
15 anos e um casal usuário de droga. As mortes no ponto de ônibus
foram registradas como homicídio. Os PMs alegaram se tratar de
balas perdidas no confronto com
o tráfico. A polícia disse não ter
conhecimento das outras três
mortes. A mãe de um dos rapazes
mortos no ponto de ônibus diz
não ter ido depor por medo.
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