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Mulher morre ao ser arrastada por carro que fugia de roubo
Virgínia Almeida foi arrastada por 150 m após ser atingida por um motorista que, como ela, tentava fugir de um crime
Após acidente, condutor do carro ficou em estado de choque; ele deve ser indiciado por homicídio culposo (sem intenção)
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Uma mulher foi atropelada e
arrastada por 150 metros durante um assalto anteontem na
zona norte do Rio. Ela foi atingida pelo carro de um vizinho
que também fugia do local no
momento do crime. A enfermeira Virgínia Santana Viegas
de Almeida, 51, ficou presa embaixo de um Palio branco e foi
arrastada na rua onde mora,
passando por um obstáculo.
O motorista, Henrique Santos Alves, 28, ficou em estado
de choque após o ocorrido. Ele
deve ser indiciado por homicídio culposo (sem intenção) e,
segundo a Folha apurou, mora
na mesma rua de Virgínia.
Ela atravessava a rua Bamboré para se distanciar de um
assalto próximo de casa. O motorista dava ré na via para fugir
do mesmo crime e atropelou a
vítima. O rastro de sangue, cabelo e a sandália destruída da
vítima permaneceram no local
até o início da tarde.
Almeida foi internada no
Hospital Salgado Filho, mas
não resistiu. Segundo vizinhos,
Virgínia ficou completamente
desfigurada pelos machucados.
"Ela gritava pela irmã médica. Foi horrível, ela estava muito mal, mas parecia forte, que
iria sobreviver", disse o aposentado Antônio Carlos Dias.
O homem que atropelou Virgínia foi localizado pela polícia
por meio da câmera de uma
empresa de filmagem que gravava imagens da rua no momento. O carro, segundo o delegado Jader Amaral, da 44ª DP (Inhaúma), que investiga o
caso, saía da rua em alta velocidade no momento em que
ocorreu o atropelamento.
Fatalidade
Alves prestou depoimento
ontem. Ele disse que não tinha
visto Virgínia. "Ele só ficou sabendo do atropelamento depois. Está muito abalado. Foi
uma fatalidade", disse Jader.
Segundo a polícia, quatro homens roubaram um Siena na
rua Rocha Pita, em Cachambi.
Uma patrulha da PM perseguiu
o grupo, que abandonou o veículo na rua Getúlio. Após uma
troca de tiros, o grupo se dividiu. Dois dos fugitivos seguiram em direção à rua Bamboré.
A polícia prendeu Paulo Ricardo Silva de Almeida, 20. Ele
é suspeito de ter atirado, na segunda-feira, contra o trem em
que estavam os ministros Marcio Fortes (Cidades) e Pedro
Brito (Portos). O quarto homem do grupo fugiu.
Na rua Bamboré, os dois criminosos tentaram assaltar dois
homens. Percebendo a movimentação, a enfermeira tentou
correr -foi, então, atropelada.
A dupla de criminosos acabou
fugindo também.
Iraque
Moradores da rua Bamboré
estenderam panos pretos em
luto pela morte de Virgínia.
O caso ocorreu sete meses
após a morte de João Hélio
Fernandes, 6, arrastado por sete quilômetros por ruas de quatro bairros do Rio.
"Isso aqui parece o Iraque. Às
vezes a gente até brinca: "Vamos chamar as tropas do homem lá?", afirmou o aposentado Antônio Carlos Dias, sobre
as Forças Armadas dos EUA.
O governador Sérgio Cabral
Filho (PMDB) reconheceu a
falta de policiamento na região.
"É um fato, realmente não é
suficiente".
Virgínia foi enterrada à tarde
no Cemitério do Caju. "Ela é
mais uma vítima de toda essa
violência", disse o marido da
enfermeira, Luiz César de Almeida, 52. Virgínia era mãe de
João Luiz de Almeida, 17.
Descrita pelas colegas de trabalho como alegre, Virgínia
completara 51 anos no último
dia 4. "Houve uma festa para
ela na maternidade. Ela estava
sempre para cima, tinha gana
de vida", contou a enfermeira
Elizabeth da Silva, 44.
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