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Traficante é acusado de lavagem de US$ 9 mi
Abadía também foi denunciado por uso de documento falso, formação de quadrilha e corrupção ativa
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía
foi denunciado ontem sob acusação de ter lavado US$ 9 milhões (cerca de R$ 17,2 milhões) no Brasil. Ele também é
acusado por uso de documento
falso (tinha 31 tipos de identidade com cinco nomes diferentes), formação de quadrilha e
corrupção ativa. Se for condenado por todos os crimes, pode
pegar de 8 a 31 anos de prisão.
Outras 15 pessoas que integrariam a quadrilha de Abadía
também foram denunciadas.
A procuradora Thaméa Danelon Valiengo, que apresentou a acusação ao juiz Fausto
Martin de Sanctis, diz que a Polícia Federal chegou aos US$ 9
milhões a partir de depoimentos do próprio traficante e de
avaliação não técnica dos bens
que ele comprou no Brasil.
Abadía foi preso no dia 7 de
agosto num condomínio de luxo em Aldeia da Serra, na Grande São Paulo. Ele é apontado
pelo DEA (Drugs Enforcement
Administration, a agência antidrogas dos Estados Unidos) como um dos maiores traficantes
do mundo, um dos líderes do
maior cartel da atualidade -o
cartel do Vale do Norte. Sua
fortuna é avaliada pelos americanos em US$ 1,8 bilhão.
Se a estimativa estiver correta, a lavagem de dinheiro no
Brasil equivale a mero 0,5% dos
bens do traficante. "É muito difícil saber se ele tem outros
bens no Brasil. A PF acredita
que identificou todos os laranjas que ele usava", diz a procuradora. De nada adiantou Abadía tentar excluir sua mulher
da suposta quadrilha. Yessica
Paola Rojas Morales é apontada na denúncia como a contadora do grupo no Brasil e encarregada dos pagamentos.
Corrupção ativa
O traficante é acusado de
corrupção ativa porque pagava
US$ 200 para um agente federal em Foz de Iguaçu carimbasse seu passaporte sem que ele
precisasse deixar o país. O
agente federal, um militar da
Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) e o piloto também são acusados do mesmo
crime porque teriam participado dessa farsa.
A denúncia não contempla a
acusação de que Abadía pagou
R$ 800 mil a policiais do Denarc (Departamento de Narcóticos da Polícia Civil paulista)
porque esse crime não é atribuição da Justiça federal. O Ministério Público Estadual vai se
encarregar dessa investigação.
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