São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rio das Ostras usa royalties para criar sistema de avaliação

DO ENVIADO ESPECIAL A RIO DAS OSTRAS

Rio das Ostras já foi símbolo do mau uso dos royalties ao gastar, em 2004, R$ 12 milhões na reforma de um calçadão da orla com piso de porcelanato. A atual administração ainda insiste em obras vistosas: no ano passado, inaugurou uma ponte orçada em R$ 15 milhões com vigas estaiadas iluminadas por mais de 200 lâmpadas.
A cidade, no entanto, agora tem também bons resultados a apresentar na educação.
De janeiro a agosto deste ano, dos R$ 240 milhões de royalties, R$ 42 milhões foram para escolas. Isso representou mais da metade (61%) das despesas da Secretaria de Educação.
Como esse dinheiro não pode ser usado para pagar salários, a secretária Maria Lina Coutinho diz que a opção foi usar todo o Fundeb (fundo de financiamento da educação) na folha de pagamento, enquanto os royalties foram destinados a outros projetos, como construção de escolas, merenda e criação de um sistema de avaliação.
A construção de escolas é uma das maiores necessidades de uma cidade que, de 2000 a 2007, viu sua população dobrar, de 36 mil para 75 mil.
Com os royalties, foi possível investir na avaliação anual, que permite identificar, a partir das notas dos alunos, quais professores têm bom desempenho e quais precisam melhorar.
A secretária diz que o resultado não é usado para premiar nem punir professores, mas ajuda a solucionar problemas.
Um exemplo disso é a escola municipal Ary Gomes de Mariz, a melhor da cidade e uma das 20 com maiores Idebs do Estado. A diretora Andrea Machado tem em sua sala uma lista com o nome de cada aluno e, para os que se saíram mal, uma anotação do professor explicando o baixo desempenho.
Andrea diz que o objetivo é não deixar os problemas dos alunos se acumularem. "Se notamos que a turma de um professor não está bem, chamamos para conversar e dar sugestões", afirma a diretora.
Outra escola que se destacou foi o Ciep Mestre Marçal, que aumentou sua avaliação no Ideb, de 2,9 para 4,5. A escola atende, principalmente, crianças pobres, muitas delas recém-chegadas à cidade.
"Até 2005, os pais diziam que seus filhos não estudariam de jeito nenhum aqui. Hoje, eles pedem pelo amor de Deus", diz a diretora, Lúcia Fernandes.
Desde que assumiu, há três anos, a nova direção da escola passou a avaliar os professores com base nos critérios definidos pelo próprio corpo docente. No mural da Mestre Marçal, são colocadas, todo mês, as fotos dos professores e dos alunos que se destacaram.
"Não divulgamos os professores mal avaliados, mas eles recebem o resultado e procuramos ajudá-los", diz Lúcia.


Texto Anterior: Crescimento rápido afetou Cabo Frio, diz secretário
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.