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Rio das Ostras usa royalties para criar sistema de avaliação
DO ENVIADO ESPECIAL A RIO DAS OSTRAS
Rio das Ostras já foi símbolo
do mau uso dos royalties ao
gastar, em 2004, R$ 12 milhões
na reforma de um calçadão da
orla com piso de porcelanato. A
atual administração ainda insiste em obras vistosas: no ano
passado, inaugurou uma ponte
orçada em R$ 15 milhões com
vigas estaiadas iluminadas por
mais de 200 lâmpadas.
A cidade, no entanto, agora
tem também bons resultados a
apresentar na educação.
De janeiro a agosto deste ano,
dos R$ 240 milhões de royalties, R$ 42 milhões foram para
escolas. Isso representou mais
da metade (61%) das despesas
da Secretaria de Educação.
Como esse dinheiro não pode ser usado para pagar salários, a secretária Maria Lina
Coutinho diz que a opção foi
usar todo o Fundeb (fundo de
financiamento da educação) na
folha de pagamento, enquanto
os royalties foram destinados a
outros projetos, como construção de escolas, merenda e criação de um sistema de avaliação.
A construção de escolas é
uma das maiores necessidades
de uma cidade que, de 2000 a
2007, viu sua população dobrar, de 36 mil para 75 mil.
Com os royalties, foi possível
investir na avaliação anual, que
permite identificar, a partir das
notas dos alunos, quais professores têm bom desempenho e
quais precisam melhorar.
A secretária diz que o resultado não é usado para premiar
nem punir professores, mas
ajuda a solucionar problemas.
Um exemplo disso é a escola
municipal Ary Gomes de Mariz, a melhor da cidade e uma
das 20 com maiores Idebs do
Estado. A diretora Andrea Machado tem em sua sala uma lista com o nome de cada aluno e,
para os que se saíram mal, uma
anotação do professor explicando o baixo desempenho.
Andrea diz que o objetivo é
não deixar os problemas dos
alunos se acumularem. "Se notamos que a turma de um professor não está bem, chamamos
para conversar e dar sugestões", afirma a diretora.
Outra escola que se destacou
foi o Ciep Mestre Marçal, que
aumentou sua avaliação no
Ideb, de 2,9 para 4,5. A escola
atende, principalmente, crianças pobres, muitas delas recém-chegadas à cidade.
"Até 2005, os pais diziam que
seus filhos não estudariam de
jeito nenhum aqui. Hoje, eles
pedem pelo amor de Deus", diz
a diretora, Lúcia Fernandes.
Desde que assumiu, há três
anos, a nova direção da escola
passou a avaliar os professores
com base nos critérios definidos pelo próprio corpo docente. No mural da Mestre Marçal,
são colocadas, todo mês, as fotos dos professores e dos alunos que se destacaram.
"Não divulgamos os professores mal avaliados, mas eles
recebem o resultado e procuramos ajudá-los", diz Lúcia.
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