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Não há melhorias que justifiquem aumento, dizem contribuintes
JAMES CIMINO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Se meu imóvel valorizou
10%, foi muito", diz o comerciante Eribaldo Belchior Ximenez Filho, proprietário de um
edifício de cerca de 8.000 m2 no
Largo da Concórdia (zona leste
de SP), que poderá sofrer um
reajuste de 124,75% no valor do
IPTU, segundo estudo proposto pela prefeitura de São Paulo
revelado ontem pela Folha.
Pela nova tabela, o IPTU da
edificação, que abriga a loja de
utensílios Rei das Ofertas, passaria de R$ 71.300,80 para R$
88.947,48. Ximenez Filho analisa os boletos do IPTU desde
2006, quando adquiriu o imóvel, e calcula que seu valor venal aumentou em 5,32%. Nesse
período, o IPTU subiu 5,40%.
"A reforma do Largo da Concórdia foi muito boa, mas houve uma piora geral em termos
de segurança. A limpeza das
calçadas é muito ruim, a iluminação pública é deficitária. As
obras boas do Kassab, como o
Cidade Limpa, não exigem gasto nenhum. Não vejo um recapeamento. Então ele aumenta
a tributação com base em quê?
Concordo em pagar, desde que
haja contrapartida", afirma o
comerciante, eleitor do prefeito. Ele fala em não votar mais
em Kassab caso não haja uma
contrapartida que justifique o
aumento de seu IPTU.
"Ele devia se preocupar em
tirar os camelôs que ficam aqui
em frente atrapalhando a
clientela de entrar na minha loja", reclama Luciano José Felipe, 37, sócio da boutique Alan
Terrier, na rua Barão de Ladário, no Brás, que deve receber o
maior aumento: 357%.
Felipe diz que a justificativa
da prefeitura para o aumento
(a valorização imobiliária devido à construção do shopping
Mega Polo naquela rua) é descabida. "O público do shopping
é de atacadistas. O meu é de varejistas. Repassar esse custo
para minha mercadoria é inviável. A crise econômica e até a
gripe suína reduziram meu faturamento em 50%. Aí o IPTU
vai pular de R$ 465 para R$
2.125 por mês?", questiona.
Raciocínio semelhante tem
Hassan Mohamad Moussame,
31, dono do restaurante Casa
Líbano, também na Barão de
Ladário. "Imagine se eu aumentar o preço da esfiha em
400%? Vai para R$ 12? Não vivemos mais na hiperinflação,
em que podíamos repassar
uma despesa dessa direto para
o consumidor." Moussame paga atualmente R$ 2.500 por
ano no imóvel de 300 m2. Com
o reajuste, pagará R$ 8.900.
Na praça Vialboim, onde o
IPTU deve subir 46,35%, a medida também é impopular. Elza
Mendonça D"Horta, síndica do
edifício Louveira, diz não entender por que houve valorização. "O movimento dos restaurantes tirou a paz de todo mundo. Alguns edifícios aqui da
frente estão alugando para estudantes da FAAP, que fazem a
maior algazarra. Ele devia pôr
policiamento na praça e nos liberar do IPTU", diz a síndica,
que não revela quanto paga de
imposto para que "a prefeitura
não aumente mais ainda".
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