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NA AREIA
Locais turísticos concentram mais roubos e furtos, mas índices oficiais apontam queda de crimes no litoral norte
Praias mais famosas são principais alvos
DO ENVIADO A SÃO SEBASTIÃO
As praias mais famosas de São
Sebastião atraem os turistas e, por
conseqüência, também chamam
a atenção dos ladrões, de acordo
com dados da Polícia Militar.
Os crimes mais comuns são
roubo e furto e se concentram na
costa sul, onde ficam Maresias,
Boiçucanga, Camburi, Juqueí,
Boracéia, Barra do Una e Barra do
Saí. Essas praias são as mais freqüentadas por turistas, principalmente de São Paulo, que lotam
pousadas e casas de veraneio em
temporada de férias ou feriados.
De janeiro a agosto de 2003, foram 32 roubos e 50 furtos em Maresias. No mesmo período de
2004, 12 roubos e 15 furtos. Em
Boiçucanga, foram 12 roubos e 19
furtos em 2003, contra 8 roubos e
6 furtos neste ano. Em praias pouco freqüentadas, como Baraqueçaba, praticamente não há registros de crimes. Em fevereiro, por
exemplo, a PM abordou somente
um homem suspeito de invadir
uma residência.
Na costa sul, as estatísticas da
PM mostram que os índices da
criminalidade estão diminuindo.
Para a secretária do Conseg de
Boiçucanga, Éder Ávila Castanha
Monteiro, a redução não reflete a
realidade. "Muitas pessoas, principalmente turistas, não chamam
a polícia por medo ou porque
acreditam que não vale a pena."
Essa tendência de queda nos
números oficiais acompanha os
índices do litoral norte inteiro,
onde estão também Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba. O número
de furtos no litoral norte caiu
8,4% entre janeiro e setembro
deste ano na comparação com os
mesmos meses do ano passado
-de 5.724 para 5.241. Os homicídios diminuíram 44,1% -de 102
para 57. Os roubos tiveram alta de
1% -de 977 para 987.
O delegado seccional de São Sebastião, João Barbosa, diz que a
queda dos índices é fruto da ação
mais intensiva da polícia. Cita um
reforço do efetivo da PM no feriado de Finados, quando 200 homens foram deslocados para lá,
dobrando a quantidade de policiais na região. O deslocamento
-determinado pela primeira vez
pela Secretaria da Segurança Pública- ocorreu após dois seqüestros em Caraguatatuba, no feriado de 12 de outubro. Em um dos
casos, uma menina de cinco anos
morreu depois que o carro em
que sua família era mantida refém
bateu na marquise de uma ponte.
Para o delegado, há um "excesso de divulgação", por parte da
imprensa, dos crimes graves, o
que, diz ele, seria responsável por
despertar nos turistas "uma falsa
sensação de insegurança". "O litoral norte não tem um índice de
criminalidade alto. Estão dando
uma dimensão à criminalidade
maior do que realmente existe."
Mundo real
Relatos de assaltos e furtos a residências de veraneio têm se tornado comuns no litoral norte. Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública não divulgam números
desse tipo de ocorrência.
Sábado, 16 de outubro, 11h. O
empresário paulistano M., 28, está
com a mãe e a filha de um ano e
quatro meses na casa adquirida
recentemente pela família em Juqueí. O dia está ensolarado, e os
três se preparam para deixar a casa e aproveitar a manhã na praia.
Antes que cheguem ao portão são
dominados por dois assaltantes
armados e encapuzados. Ficam
reféns por mais de uma hora. "Os
assaltantes nos levaram para um
dos quartos. Eu estava com minha filha e fiquei mais de uma hora com uma arma apontada para
a minha cabeça", conta M., que
pediu para não ser identificado.
"Só depois de negociar muito é
que eles aceitaram nos deixar
trancados e fugir com alguns aparelhos eletrônicos. Esperamos
mais uma hora e então saímos para pedir socorro", contou M., de
São Paulo, que diz nunca ter sido
assaltado na capital.
A jornalista Regina Helena de
Paiva Ramos, 72, secretária da Associação de Amigos de Juqueí, reforça a tese de aumento da violência. Ela recorda que no início do
ano o bairro foi alvo de uma quadrilha que praticou pelo menos 12
assaltos a residências.
Pelo menos dez turistas foram
estupradas pelo grupo durante
essas ações. Três acusados foram
presos em julho.
Colaborou FÁBIO AMATO, da Agência
Folha
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