São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

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AGENDA DA TRANSIÇÃO

Futuro secretário pediu a tucanos que não dificultassem votação; em troca, PSDB espera ajuda no Orçamento

Aloysio ajuda PT a aprovar contas de Marta

PEDRO DIAS LEITE
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O futuro secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, orientou ontem, em reunião, os vereadores do PSDB a não dificultar a aprovação das contas de Marta Suplicy (PT) na Câmara Municipal, o que ocorreu horas mais tarde.
Em troca, os tucanos querem a ajuda dos petistas na manutenção da margem de remanejamento de 15% no Orçamento de 2005, considerada fundamental pelo prefeito eleito, José Serra (PSDB).
Aloysio admite que tem mantido encontros freqüentes com o principal articulador político de Marta, o atual secretário de Governo, Rui Falcão, mas nega que tenha feito acordo com o PT.
A Câmara Municipal aprovou ontem, em um único dia e a menos de três semanas do final do governo, as contas dos três primeiros anos de Marta.
Desde 1997, quando aprovou as finanças de 1996 de Paulo Maluf (PP), o Legislativo não votava as contas de um prefeito.

Contra, sem obstruir
Apesar da orientação de Aloysio, quatro dos oito vereadores do PSDB votaram contra a aprovação das contas de Marta. Os outros, porém, não compareceram ao plenário para votar, apesar de alguns estarem na Câmara.
Os tucanos que participaram da votação, diferentemente do habitual, não se utilizaram das manobras regimentais que podem adiar por horas -e muitas vezes por dias- votações mais importantes. Às vezes, um único vereador é capaz de travar os trabalhos. Às 21h30 de ontem, as contas de 2001, de 2002 e de 2003 de Marta tinham sido aprovadas.
O único ano em que houve superávit foi o primeiro. Nos dois seguintes, déficits, apesar de parecer do Tribunal de Contas do Município favorável à aprovação.
A votação das contas de Marta ocorre em meio a dificuldades financeiras da Prefeitura de São Paulo no final de seu mandato. Vários serviços foram reduzidos e alguns até interrompidos.
Neste cenário, a aprovação das contas pela Câmara Municipal é um trunfo poderoso em uma eventual disputa eleitoral daqui a dois anos. Além disso, se no futuro uma maioria contrária a Marta rejeitasse as finanças, a prefeita estaria sujeita à inelegibilidade.


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