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SAÚDE
Araguatins (TO) teve, no total, 262 casos de lesão ocular; suspeita é que contaminação ocorre via caramujo que vive no rio
Parasita pode ter deixado 12 pessoas cegas
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
Um parasita encontrado em
animais aquáticos pode ter causado cegueira em 12 pessoas em
Araguatins (621 km de Palmas).
Ao todo, as secretarias municipal e estadual da Saúde detectaram 262 casos de lesão ocular de
origem desconhecida no município, no extremo norte do Tocantins, em uma investigação feita de
9 de novembro a 12 de dezembro.
Em nota oficial, a Sesau (Secretaria Estadual da Saúde) informou suspeitar que as vítimas tenham sido contaminadas pelo parasita trematóide, transmitido
por caramujos.
"Por um desequilíbrio ecológico naquele local, [os caramujos]
se multiplicaram intensamente,
acometendo principalmente
crianças que se banharam no rio
Araguaia, onde estão alojados os
moluscos", informa a nota.
Ainda não se sabe a causa do
possível desequilíbrio ecológico,
segundo a assessoria de imprensa
da secretaria.
Técnicos da Sesau, pesquisadores do Inpa (Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia), do Ministério da Saúde, da Fundação
Oswaldo Cruz, da USP (Universidade de São Paulo) e da UFMG
(Universidade Federal de Minas
Gerais) estão estudando o caso.
Pelo menos um dos técnicos envolvidos no estudo afirma que
ainda é prematuro associar o surto aos caramujos.
Todas as vítimas estão sendo
acompanhadas e medicadas, segundo o governo estadual. Ontem, a Naturatins (Instituto Natureza do Tocantins) interditou
provisoriamente as beiras e as
praias naturais formadas ao longo
do rio Araguaia no município.
Não há registro de casos em outras regiões.
Também foi iniciada a retirada
dos caramujos. O problema se
restringe a um trecho específico
do rio no município, que ocupa
2.627 km2 e tem população de
29.338 habitantes (censo de 2000).
Na nota, o secretário estadual da
Saúde, Gismar Gomes, afirmou
que não há motivo para preocupação para a população de Araguatins, já que a secretaria está tomando as medidas necessárias
para a solução do problema.
"Conseguimos agir com rapidez
realizando essa investigação e
agora mobilizamos também o
Naturatins para interditar a área
afetada para a retirada dos moluscos das margens do rio", declarou
o secretário na nota.
A Folha procurou Gomes durante toda a tarde de ontem, por
telefone, mas ele não havia atendido a reportagem até a conclusão
desta edição.
Segundo a assessoria de imprensa da Sesau, os sintomas da
contaminação se assemelham aos
de uma conjuntivite. O verme se
aloja no olho, dando início a um
processo inflamatório.
A maioria das vítimas teve apenas um olho atingido. Antes desse
surto, foram registrados casos
isolados naquele município e em
Marabá (PA), em 2002.
Diagnóstico prematuro
Para um dos especialistas que
estudam o caso, o oftalmologista
da UFMG (Universidade Federal
de Minas Gerais) Fernando Orestes, ainda é muito prematuro atribuir o surto à contaminação por
trematóides transmitidos por caramujos. "Os dados estão sendo
analisados ainda."
Orestes afirmou que nem mesmo o microorganismo causador
da doença pôde ser identificado.
Ele ressaltou que não há motivos para alarde. "É uma ocorrência comum na região. É preciso
tomar cuidado com esse tipo de
divulgação, trata-se de um surto
que apareceu e que está sendo
controlado."
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