São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

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RETRATOS DO PAÍS

Para Unicef, houve avanço na qualidade de vida infantil, mas nível de desenvolvimento continua médio

Criança vive melhor, mas Brasil ainda patina

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil conseguiu melhorar a qualidade de vida de suas crianças de até seis anos entre 1999 e 2004, inclusive nas regiões mais pobres -Norte e Nordeste. Esse esforço, contudo, ainda não foi suficiente para retirar o país do nível médio de desenvolvimento infantil.
A exceção é o Estado de São Paulo, o primeiro que conseguiu atingir a faixa de desenvolvimento alto, segundo relatório divulgado ontem pelo Unicef (o braço das Nações Unidas para temas ligados à infância). Segundo o órgão, existem cerca de 23 milhões de crianças de até seis anos no país -13,5% da população.
O documento "Situação da Infância Brasileira 2006" traz o IDI (Índice de Desenvolvimento Infantil), que avalia qualidade de vida das crianças com base em indicadores de saúde, educação, escolaridade dos pais e atendimento a gestantes. Os dados são de 2004, comparáveis a 1999, quando houve a primeira publicação.
No período, o IDI do país passou de 0,61 para 0,67. Quanto mais próximo de 1, melhores as condições de vida.
São Paulo, que já era o primeiro Estado com melhor qualidade de vida para as crianças em 1999, atingiu um índice de 0,803 no ano passado, o que o coloca na faixa de alto desenvolvimento.
O pior continua sendo Alagoas, apesar de o IDI também ter melhorado, subindo de 0,40 para 0,47. Ainda assim, é o único Estado classificado com baixo desenvolvimento infantil. Eram sete nessa faixa em 1999.
Entre os municípios, a tendência de melhora se mantém. Das 5.560 cidades brasileiras, 40% apresentavam IDI baixo em 99 e agora são 25% delas.
Quando se trata das regiões brasileiras, a situação é parecida: crescimento do índice em todas, com destaque para Norte e Nordeste, que avançaram no ranking 14,6% e 15,9%, respectivamente.
A melhora nas regiões mais pobres se deve à taxa de matrícula na pré-escola (4 a 6 anos), à de vacinação e a uma pequena melhora na escolaridade dos pais.
Para a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, o avanço no IDI reforça o último resultado da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, que apontou uma redução da miséria e uma melhora na distribuição de renda no Brasil.
Mas, segundo Poirier, o país ainda tem um grande número de "crianças invisíveis, esquecidas e excluídas". "As autoridades brasileiras precisam procurar as crianças que estão dentro das estatísticas. O país precisa entender quais fatores deixam uma parcela fora do desenvolvimento", disse.
No relatório "Situação Mundial da Infância 2006", também divulgado ontem, o Brasil aparece em 88º lugar no ranking do ano passado, que classifica 193 países a partir das piores taxas de mortalidade de menores de cinco anos.
O texto diz que "um dos grandes problemas referentes ao Orçamento público tem sido o contingenciamento". Cita por exemplo o fato de, até outubro, o governo federal ter repassado só 31% da verba para oito áreas sociais.
Márcia Lopes, secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social, diz que o governo Lula tem aumentado investimentos, como o Bolsa-Família, que atende a 15 milhões de jovens.


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