São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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Pimenta Neves sofre mais uma derrota na Justiça

Defesa queria negociar com o TJ apresentação do jornalista

DA REPORTAGEM LOCAL

Procurado pela polícia paulista desde anteontem à noite, o jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves, condenado pelo assassinato da ex-namorada Sandra Gomide, sofreu uma nova derrota na Justiça.
O desembargador Fabio Gouvea, da 10ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou ontem o pedido de audiência feito pela defesa do jornalista. Os advogados de Pimenta Neves queriam negociar diretamente com os desembargadores do TJ os termos para uma possível apresentação do jornalista.
Na decisão, Gouvea disse que cabe "à autoridade policial o cumprimento do mandado [de prisão], devendo zelar pela integridade física do preso".
Segundo o Ministério Público, o pedido da defesa de Pimenta Neves foi inusitado. "Essa negociação com a Justiça não existe. Isso cabe à polícia. A defesa está esgotando tudo que pode para ganhar tempo", afirmou a procuradora de Justiça Marilisa Germano Bertolin.
Essa foi a segunda derrota de Pimenta Neves em dois dias. Anteontem pela manhã, a mesma 10ª Câmara confirmou a condenação do jornalista por um júri popular realizado em maio -a pena, porém, foi reduzida de 19 anos e dois meses para 18 anos- e determinou a prisão de Pimenta Neves.
Para a polícia paulista, o jornalista é considerado foragido desde anteontem à noite. Policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) estiveram no único endereço fornecido por Pimenta Neves à Justiça e não o encontraram. Ele também é considerado foragido porque ele teria conhecimento da ordem de prisão -já que seus advogados estiveram no julgamento de anteontem- e não se entregou.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, até a noite de ontem a defesa de Pimenta Neves não tinha entrado em contato com a polícia para negociar a apresentação do jornalista.
Agentes pernoitaram ontem na frente da casa de Pimenta Neves. Mas eles não entraram na residência. O DHPP chegou a anunciar que iria pedir um mandado de busca e apreensão para entrar na casa, mas desistiu da proposta ontem.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, não há evidências de que o jornalista está na casa. "Mas como pode se saber isso se ninguém entrou? Isso é uma presunção", afirmou Sergei Cobra Arbex, assistente de acusação e advogado da família de Sandra.
Pela manhã, horas depois da saída dos policiais, Carlos Frederico Müller, advogado do jornalista, esteve na casa e saiu com um computador. Müller disse que seu cliente não pode ser considerado foragido por causa do pedido de audiência aos desembargadores.
A defesa de Pimenta Neves espera o julgamento de um pedido de habeas corpus pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) para tentar suspender a ordem de prisão.
Ontem, a ministra Maria Thereza de Assis Moura solicitou mais informações ao TJ antes de analisar o pedido.
(ROGÉRIO PAGNAN, MARIANA TAMARI E GILMAR PENTEADO)


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