DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal não divulgou o nome do advogado de Jizelda Aparecida de Oliveira, a Gigi, nem permitiu que os acusados dessem declarações. Apesar de a PF dizer que Gigi se apresenta como "a maior cafetina do país", ela nega isso.
Em visita ao seu quitinete na rua Amaral Gurgel, há um mês, a reportagem teve de insistir pelo interfone para ser recebida.
Ela repetiu irritada que não tinha nada a dizer sobre a agência "Gigi Models" ou garotas de programa.
"Tive muitas decepções na vida. Fui traída pelo meu marido com uma funcionária. O estresse foi tão grande que fiquei doente, com câncer, e me submeti a muitas cirurgias. Tenho seqüelas no esôfago e no estômago. Hoje, eu pinto", disse ela, se apresentando como artista plástica e também escritora.
Marido? Foi casada?
"Sim, durante quase 30 anos", diz ela. A agência ("de modelos") também é coisa do passado.
"Não lido mais com isso."
O quitinete está abarrotado de telas enfileiradas em dois andares de armários, com pinturas estilo "Brasil Império".
"Olha o meu D. Pedro no "Grito da independência'", disse, puxando uma tela grande com vários personagens, um deles em cima de um cavalo à beira de um rio.
Gigi já expôs no Mercado Municipal, com o apoio da prefeitura, e no Palácio dos Bandeirantes, onde posou para fotos com o governador Cláudio Lembo (PFL).
E como conseguiu esse trânsito?
"Como qualquer outro artista, querido. Mostrando as obras e batalhando."

Livros
O espaço para caminhar na quitinete é exíguo, mas ela vai dando passos e falando do que tem feito. Diz que escreveu livros e mostra um em que participou como co-autora, com outras mulheres, escrevendo sobre sua "trajetória de vida" (o que não inclui agenciamento de garotas de programa).
No vitrô do banheiro, ela pendurou trabalhos menores de pintura em madeira, que também vende "para sobreviver".
"Estou falida e doente, preciso fazer o que eu sei para pagar minhas contas."


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