São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

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Esburacada, Tamoios recebe remendos às vésperas do Natal

Motorista deve ficar atento aos problemas na pista, à falta de sinalização e ao tráfego de caminhões pesados na rodovia

Acostamento virou "pista auxiliar" para a circulação de caminhões; rodovia tem promessas de duplicação há mais de uma década

Fotos Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Homens fazem reparos no km 16 da Tamoios, rodovia que é o principal acesso ao litoral norte de SP

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Esburacada, com sinalização de solo que desaparece exatamente nos trechos mais perigosos e o acostamento transformado em "faixa auxiliar" tomada por caminhões pesados, a rodovia dos Tamoios (SP-99) começou a receber na semana passada reparos de emergência para atenuar os riscos ao motorista durante a temporada.
A causa, além dos dez anos sem reformas, é o que a Secretaria dos Transportes chama de "aumento expressivo" do tráfego pesado. Até setembro, 400 caminhões carregados de areia desciam por dia para o aterro da obra da base de gás da Petrobras em Caraguatatuba.
Embora o ritmo tenha caído, em 16 horas de operações diárias, as balanças do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) fiscalizaram 11.629 caminhões em novembro -315 foram multados. No mês anterior, foram 9.900 veículos e 295 autuações.
Enquanto se discute privatizar a estrada, fazer a duplicação com recursos do próprio governo ou construir outra via para o litoral norte, a Tamoios recebe somente pequenas obras.
A última pesquisa da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) sobre as condições de 72 trechos de estradas paulistas apontou que, em 2007, somente 9 tinham pavimento "ruim" (caso da Tamoios) ou "péssimo".
Pela estrada, principal acesso ao litoral norte de São Paulo, trafega uma média de 12,8 mil veículos/dia, número que salta para 22 mil em feriados e chega aos 38 mil no Réveillon.
O estado da estrada decorre de um impasse de mais de dez anos, quando já havia promessas de duplicação. O compromisso foi renovado pelo governo José Serra (PSDB), que lançou um pacote de melhorias que deve anteceder a duplicação de toda a estrada.
Na semana passada, a Folha percorreu a Tamoios do km 11 (entroncamento com a Carvalho Pinto) ao final da rodovia, em Caraguatatuba.
Já no início, os primeiros sinais das más condições da estrada: não há acostamento, surgem os buracos e o asfalto esfarela. Mal se consegue ver as faixas que dividem as pistas.
Pouco à frente, no km 16, uma equipe faz tapa-buraco, "nos pedaços piores", segundo um operário. Mas o serviço só é permitido de segunda a quinta.
"É um investimento desperdiçado e que não contempla mais as necessidades da Tamoios", diz o engenheiro e funcionário do DER por 35 anos, Ronaldo Garcia, que projetou a estrada. "Não adianta nada, porque a base não agüenta mais o peso e não segura o asfalto", diz.
Cerca de 4 km depois, o resultado: um remendo de cerca de 3 m2 foi afundado por caminhões a ponto de haver uma cratera de 20 cm de profundidade na "pista auxiliar". Pedras do tamanho de um punho saltam da pista. "Ela sofre mais porque o acostamento foi feito para parada de emergência, e não para caminhão trafegar", afirma Garcia.
O DER chama de "pista auxiliar" as dezenas de quilômetros de acostamento de 2,5 metros de largura que desde 2004 foram convertidos em pista de rolamento. A pista principal, no entanto, tem 3,5 metros.
O sistema de liberar o acostamento foi criado entre o final dos anos 90 e o início da década, em operações especiais durante feriados, para melhorar a fluidez -de paliativa, a solução foi tornada definitiva em 2004.
Como os caminhões, principalmente na subida, trafegam à direita e não cabem na "auxiliar", acabam invadindo a principal, espremendo os carros.


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