São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

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MANOEL ABRANTES (1927-2008)

Um português no reino das batidas

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

As cadeiras são ocupadas, em sua maioria, por gente da USP (Universidade de São Paulo), e a filosofia pode até ser o assunto principal nas rodas, mas o local não é, definitivamente, uma sala de aula: trata-se de um botequim. O dono era o português Manoel Abrantes. Tendo o irmão como sócio, abriu, em 1970, um bar próximo à Cidade Universitária, na zona oeste da capital. Com o nome Rei das Batidas, o local fisgou facilmente alunos e funcionários da universidade.
Em 1951, Manoel saiu de Portugal, de navio. Onze dias depois, chegou ao país. "O Brasil era um sonho. Ele achava que a vida seria melhor aqui", lembra a filha Clarice. Ao chegar, foi roubado, mas adorou a terra. A mulher havia ficado para trás e só saía de Portugal se casada no papel. Manoel achou uma solução: casou-se por meio de uma procuração e a convenceu a vir. Tiveram três filhos e seis netos.
Para a filha, biomédica, a vida do pai era trabalhar. "Às vezes, chegava de madrugada, tomava a sopinha da minha mãe e ia dormir", conta. Mesmo "quietão", ia de mesa em mesa cumprimentar os fregueses -era sua política. Um de seus funcionários, Osmar, a quem deu abrigo, ficou conhecido depois de lançar dois livros. Manoel morreu na quinta, aos 81, após complicações do Parkinson. A missa de sétimo dia será quarta, às 19h, na igreja São Bento, no colégio Santo Américo, Morumbi.

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