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MANOEL ABRANTES (1927-2008)
Um português no reino das batidas
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
As cadeiras são ocupadas,
em sua maioria, por gente da
USP (Universidade de São
Paulo), e a filosofia pode até
ser o assunto principal nas
rodas, mas o local não é, definitivamente, uma sala de aula: trata-se de um botequim.
O dono era o português
Manoel Abrantes. Tendo o
irmão como sócio, abriu, em
1970, um bar próximo à Cidade Universitária, na zona
oeste da capital. Com o nome
Rei das Batidas, o local fisgou
facilmente alunos e funcionários da universidade.
Em 1951, Manoel saiu de
Portugal, de navio. Onze dias
depois, chegou ao país. "O
Brasil era um sonho. Ele
achava que a vida seria melhor aqui", lembra a filha
Clarice. Ao chegar, foi roubado, mas adorou a terra.
A mulher havia ficado para
trás e só saía de Portugal se
casada no papel. Manoel
achou uma solução: casou-se
por meio de uma procuração
e a convenceu a vir. Tiveram
três filhos e seis netos.
Para a filha, biomédica, a
vida do pai era trabalhar. "Às
vezes, chegava de madrugada, tomava a sopinha da minha mãe e ia dormir", conta.
Mesmo "quietão", ia de
mesa em mesa cumprimentar os fregueses -era sua política. Um de seus funcionários, Osmar, a quem deu
abrigo, ficou conhecido depois de lançar dois livros.
Manoel morreu na quinta,
aos 81, após complicações do
Parkinson. A missa de sétimo dia será quarta, às 19h, na
igreja São Bento, no colégio
Santo Américo, Morumbi.
obituario@grupofolha.com.br
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