São Paulo, terça-feira, 15 de dezembro de 2009

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foco

Papai Noel com barba de verdade é mais caro, mas convence as crianças

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nesta época de fim de ano, a pergunta que o aposentado Richard Kloppe, 61, mais escuta é se ele é um Papai Noel de verdade. Desconfiadas da resposta, as crianças sempre puxam a barba branca, natural.
"É de verdade mesmo!", gritam os meninos, convencidos de que estão diante do bom-velhinho em pessoa.
Kloppe é um dos tantos atores que companhias de teatro e empresas de animação de festas oferecem para quem quer contratar um Papai Noel na noite de Natal.
Como tem barba natural, o aluguel dele é mais caro: a Companhia do Bafafá, que o agencia, cobra R$ 560 para uma aparição de 30 minutos, do tipo surgir, sorrir, sumir.
Os outros, de pelos postiços, minoria no elenco -dos 30 colegas de trabalho de Kloppe, 22 têm barba e cabelos brancos reais- saem por R$ 400.
E há quem gaste uma dinheirama a mais na surpresa. Ao gosto da família, o Papai Noel pode chegar de carruagem, de carro conversível e até de helicóptero, alugado para o evento.
"Quanto mais próximo da meia-noite, é mais caro. A partir das 22h é mais difícil conseguir horário", diz Izabel do Valle, da Turminha do Plim-Plim. Sobre os poucos 30 minutos de presença, ela justifica: "Se o Papai Noel fica muito tempo, as crianças perdem a fantasia".
"A maioria dos meninos fica em êxtase quando me veem chegar. Isso até a entrega dos presentes, porque, depois disso, o Papai Noel não existe mais", diz Kloppe, que começa a cultivar a barba branca em março e a raspa após o Natal.

Negócio
Neste ano, o saco dos Papais Noéis das agências de São Paulo está cheio -ao menos de dinheiro. A duas semanas do Natal, restam poucos disponíveis para a entrega dos presentes.
A profissionalização do Papai Noel como negócio começou porque as crianças percebiam a ausência repentina do pai que, amador, dava pistas e não convencia, diz o ator Paulo Mendes, há 15 anos personificando o bom-velhinho.
Antes de entrar, os Papais Noéis recebem um dossiê sobre a vida das crianças e de alguns convidados. Pedem a chupeta de um, dizem aos irmãos para não brigarem, cobram mais empenho na escola, viram os porta-vozes das reivindicações familiares.
Na noite de Natal, os Papais Noéis têm uma logística por bairro, para facilitar o deslocamento pela cidade. Vão de motorista, que, combinados com as mães, entram antes e entregam ao ator um saco enchido com os presentes da árvore.
Postiços não são só a barba e o barrigão. Para a maioria dos Papais Noéis, o emprego de fim de ano também, porque é apenas temporário. Em dez ou 15 dias de trabalho nos shoppings, os aposentados e desempregados ganham até R$ 5.000 para papainoelar.


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