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foco
Papai Noel com barba
de verdade é mais caro, mas convence as crianças
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nesta época de fim de ano, a
pergunta que o aposentado
Richard Kloppe, 61, mais escuta é se ele é um Papai Noel de
verdade. Desconfiadas da resposta, as crianças sempre puxam a barba branca, natural.
"É de verdade mesmo!", gritam os meninos, convencidos
de que estão diante do bom-velhinho em pessoa.
Kloppe é um dos tantos atores que companhias de teatro
e empresas de animação de
festas oferecem para quem
quer contratar um Papai Noel
na noite de Natal.
Como tem barba natural, o
aluguel dele é mais caro: a
Companhia do Bafafá, que o
agencia, cobra R$ 560 para
uma aparição de 30 minutos,
do tipo surgir, sorrir, sumir.
Os outros, de pelos postiços,
minoria no elenco -dos 30 colegas de trabalho de Kloppe,
22 têm barba e cabelos brancos reais- saem por R$ 400.
E há quem gaste uma dinheirama a mais na surpresa.
Ao gosto da família, o Papai
Noel pode chegar de carruagem, de carro conversível e até
de helicóptero, alugado para o
evento.
"Quanto mais próximo da
meia-noite, é mais caro. A partir das 22h é mais difícil conseguir horário", diz Izabel do Valle, da Turminha do Plim-Plim. Sobre os poucos 30 minutos de presença, ela justifica: "Se o Papai Noel fica muito
tempo, as crianças perdem a
fantasia".
"A maioria dos meninos fica
em êxtase quando me veem
chegar. Isso até a entrega dos
presentes, porque, depois disso, o Papai Noel não existe
mais", diz Kloppe, que começa
a cultivar a barba branca em
março e a raspa após o Natal.
Negócio
Neste ano, o saco dos Papais
Noéis das agências de São
Paulo está cheio -ao menos
de dinheiro. A duas semanas
do Natal, restam poucos disponíveis para a entrega dos
presentes.
A profissionalização do Papai Noel como negócio começou porque as crianças percebiam a ausência repentina do
pai que, amador, dava pistas e
não convencia, diz o ator Paulo Mendes, há 15 anos personificando o bom-velhinho.
Antes de entrar, os Papais
Noéis recebem um dossiê sobre a vida das crianças e de alguns convidados. Pedem a
chupeta de um, dizem aos irmãos para não brigarem, cobram mais empenho na escola, viram os porta-vozes das
reivindicações familiares.
Na noite de Natal, os Papais
Noéis têm uma logística por
bairro, para facilitar o deslocamento pela cidade. Vão de motorista, que, combinados com
as mães, entram antes e entregam ao ator um saco enchido
com os presentes da árvore.
Postiços não são só a barba e
o barrigão. Para a maioria dos
Papais Noéis, o emprego de
fim de ano também, porque é
apenas temporário. Em dez ou
15 dias de trabalho nos shoppings, os aposentados e desempregados ganham até
R$ 5.000 para papainoelar.
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