São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

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Kassab tenta obter comando da Câmara

Prefeito aposta alto em eleição de aliado para reduzir dependência do "centrão", grupo que domina o Legislativo

Tucano José Police Neto é favorito na disputa; negociações entre os vereadores seguiriam madrugada adentro


EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), tenta hoje o que pode ser sua maior cartada na relação com a Câmara Municipal: implodir o "centrão", grupo que domina o Legislativo há seis anos.
Kassab trabalha pela eleição de José Police Neto (PSDB), líder do governo.
Conseguiu agregar à candidatura do tucano partidos como PC do B e PDT, tradicionalmente oposicionistas, e PMDB, ligado ao "centrão".
Police Neto chega à eleição, marcada para as 9h de hoje, na condição de favorito, com o apoio de 29 vereadores. Seu adversário, Milton Leite (DEM), tem 26 apoios.
Leite, apesar de pertencer ao mesmo partido de Kassab, é um dos principais líderes do "centrão". O grupo de 17 vereadores reúne integrantes de variados partidos, como PR, PTB e DEM, e atua como espécie de fiel da balança.
Quando se alia ao PT, derrota projetos de interesse do governo. Quando se alia ao governo, derrota a oposição.
Kassab nunca teve maioria na Câmara e sempre dependeu do "centrão" para aprovar seus projetos, negociando pontualmente com os integrantes do grupo, inclusive com troca de cargos em secretarias e subprefeituras.
O prefeito vê na eleição da Mesa uma maneira de romper com essa dependência.
Sem o comando da Mesa, o grupo perde a força de, por exemplo, definir as pautas das sessões e a composição das principais comissões.
Caso o favoritismo de Police Neto se confirme, o "centrão" sairá da eleição enfraquecido, sem controle da Câmara e com a dissidência de alguns de seus membros.
A "oposição oficial" deve crescer. Todo o PR, do atual presidente Antonio Carlos Rodrigues, um dos líderes do "centrão", deve cerrar fileiras com o PT. Com o quadro, a "oposição oficial" contaria com 16 dos 55 votos da Casa.
Políticos experientes em Câmara apontam que a eleição tem um favorito, mas não está definida. E o presidente, que administrará um Orçamento de R$ 356,6 milhões em 2011, pode não ser nenhum dos dois candidatos.
As negociações entrariam madrugada adentro. Devem terminar só antes da votação.
O "centrão" trabalha para atrair dois vereadores da lista de apoiadores de Police Neto.
Os principais alvos são Antonio Goulart (PMDB) e Gilson Barreto (PSDB). Num eventual novo rearranjo, o "centrão" optaria por um novo candidato, que poderia ser Carlos Apolinário (DEM) ou mesmo o tucano Barreto.
Após a eleição da Mesa, a Câmara deve votar o Orçamento de 2011, dando início ao período de recesso. Com isso, ficam para trás projetos como o aumento salarial do prefeito e secretários, que já tramita há meses na Casa.


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