|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
País é o 2º em plástica de jovens
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil é o país vice-campeão
em cirurgias plásticas de adolescentes, só perdendo para os Estados Unidos. Em 2003, das 621.342
cirurgias realizadas no país, 60%
foram estéticas e dessas, 13% em
jovens de 14 a 18 anos.
Entre as meninas, os três tipos
de cirurgias mais freqüentes são
de nariz, de mama e lipoaspiração. Para os cirurgiões plásticos,
muitas cirurgias de adolescentes
apontadas como estéticas são, na
realidade, "reparadoras".
Dois exemplos freqüentemente
apontados são as reduções de nariz e de mama. "São situações que
costumam criar um grande complexo de inferioridade nas meninas", afirma o cirurgião plástico
paulista Munir Cury.
Na contramão da redução mamária, é cada vez maior o número
de meninas que implantam silicone nos seios. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica estima que
na última década a quantidade de
adolescentes que colocam prótese
tenha aumentado mais de 300%.
"No Brasil, há exposição maior
do corpo e um culto à beleza. Na
mídia só há mulheres maravilhosas. A cobrança é muito forte. Mas
não acho que seja algo patológico", diz o cirurgião plástico Ithamar Stocchero, presidente da regional paulista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Alerta
Na opinião de Cury, o cirurgião
precisa se atentar para os casos de
dismorfia corporal (doença em
que a pessoa acredita que tenha
um defeito físico que não existe).
"A pessoa vai se achar feia e gorda
sempre. Se fizer uma lipoaspiração, logo vai achar outro problema. Precisamos refutar esse tipo
de paciente", diz.
Conscientizar o jovem de que
uma cirurgia plástica precoce pode trazer repercussões desagradáveis para a vida adulta deveria ser
outra função dos cirurgiões, na
avaliação do coordenador da câmara técnica de cirurgia plástica
do Cremesp, Wilson Andreoni.
"Há jovens colocando próteses
de silicone exageradas. Com o
tempo, haverá queda desse seio",
alerta. Segundo ele, a mulher jovem tende a se arrepender mais
do que a adulta porque, muitas
vezes, faz a cirurgia para imitar a
amiga ou para agradar o namorado, por exemplo.
A estudante baiana Eliana Hupsel, 23, garante que esse não foi o
caso dela. No ano passado, decidiu fazer de uma só vez lipoaspiração, prótese de silicone e plástica no nariz. "Adorei o resultado.
Eu não tinha nada, e isso me incomodava", diz Eliana. Suas duas irmãs, de 22 e 27 anos, foram mais
comedidas: uma fez nariz e lipoaspiração e a outra, peito e lipo.
J.F., 17, afirma que decidiu fazer
uma lipo para "levantar o astral"
depois do rompimento de um namoro. "Foi legal. Levantou minha
auto-estima."
Para Ana Bahia Bock, presidente do CFP (Conselho Federal de
Psicologia), essa busca pela "perfeição" pelo jovem é resultado de
uma excessiva preocupação consigo mesmo.
"O botox e a cirurgia plástica
são apenas alguns dos elementos
que entram no conjunto de ações.
Não é doença. É reflexo da sociedade em que vivemos", analisa.
Bock acredita que uma das alternativas seja o país criar políticas que incluam a juventude em
projetos sociais. "Pode ser que isso venha um dia a competir com a
busca do embelezamento."
(CC)
Texto Anterior: Mistura causa alergia e atrofia Próximo Texto: Verão: Praia isolada compensa falta de estrutura Índice
|