SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O Exército começou ontem à tarde a policiar ruas do Rio. Armados com fuzis, cerca de 50 militares vigiaram, na zona norte, o início da avenida Brasil, uma das principais vias expressas da cidade e um dos cenários de violência durante os ataques sincronizados cometidos por facções criminosas em 28 de dezembro.
De acordo com nota divulgada pelo Exército, a operação faz parte do plano de segurança da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que será aberta na quinta-feira, no Rio. O Exército não informou o efetivo que empregará no esquema.
Homens da Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal e Polícia Militar também estarão envolvidos na segurança do evento, que terminará na sexta e reunirá embaixadores, ministros e chefes de Estado do continente no Rio.
Nesta semana, a Força Nacional inicia o patrulhamento no Estado, conforme solicitado pelo governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB). A ajuda do Exército para cuidar da segurança da cidade também foi pedida pelo governador, mas o Ministério da Defesa não concedeu. Oficialmente, o governo federal permitiu somente o reforço das tropas nos arredores dos quartéis.
Na ação de ontem, que teve início por volta das 16h, os militares vigiaram as quatro primeiras passarelas da avenida e circularam em caminhões pela via. Nenhuma pessoa foi presa nem foram registrados confrontos. A ação do Exército ocorreu na via ao longo dos bairros do Caju, São Cristóvão, Manguinhos e Bonsucesso, todos localizados na zona norte.
A área é cercada de favelas. Traficantes da região costumam fechar o trânsito para roubar carros.

"Ensaio"
De acordo com a assessoria de imprensa do Comando Militar do Leste, responsável pela coordenação da ação, a operação de ontem foi classificada ""de reconhecimento e ensaio". Hoje, o Exército deve aumentar o número de militares na cidade. A Linha Vermelha, o Palácio do Itamaraty, no centro, e hotéis na zona sul também deverão ter vigilância reforçada pelas Forças Armadas.
A avenida Brasil e a Linha Vermelha ligam o aeroporto internacional do Galeão ao centro e à zona sul do Rio, áreas onde ocorrerão as reuniões da Cúpula do Mercosul.
Segundo o Exército, a operação de ontem foi autorizada pelo presidente Lula por meio do Aviso Ministerial no 103 do Gabinete de Segurança Institucional, de 20 de dezembro. O documento estabelece ""o emprego de tropa federal de maneira emergencial e temporária".
No fim da tarde, os militares deixaram seus postos e seguiram em comboio para o Batalhão do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), também na avenida Brasil, ao lado do Complexo da Maré.


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