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Multa de R$ 75 mi é utopia, diz mineradora
Para diretor da Rio Pomba Cataguases, danos causados por vazamento em sua barragem "nunca chegariam a esse valor"
Antônio Rufino estima que a companhia terá de pagar entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões em indenizações pelo desastre ambiental
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATAGUASES
A Mineração Rio Pomba Cataguases, responsável pelo acidente na barragem de rejeitos
de bauxita que deixou milhares
de desabrigados e prejudicou o
abastecimento de água em cidades de Minas e do Rio, disse
ontem que a multa de R$ 75 milhões aplicada pelo governo mineiro é "utópica".
"Nunca os danos causados
pelo vazamento da barragem
chegariam a esse valor. Os danos estão sendo maximizados
por problemas causados pelas
chuvas", afirmou à Folha o diretor administrativo da empresa, Antônio Rufino.
A empresa estima pagar de
R$ 10 milhões a R$ 15 milhões
em indenizações, principalmente a moradores de Miraí
(MG), Muriaé (MG) e Laje do
Muriaé (RJ), as mais afetadas.
No ano passado, segundo o
diretor, a empresa pagou R$ 1,2
milhão aos atingidos pelo vazamento de 400 milhões de litros
de lama da barragem -na semana passada, foram ao menos
2 bilhões de litros.
O secretário de Meio Ambiente de Minas, José Carlos
Carvalho, rebateu as declarações. "Não acho a multa utópica. Acho que denegrir o ambiente deveria ser." Segundo
Carvalho, a multa pode ser revertida em reparo de danos.
Rufino disse que o mercado
de tratamento de água será afetado se a empresa continuar interditada, como determinou o
governo mineiro. "Fornecemos
60% da bauxita para produção
de sulfato de alumínio [componente da purificação da água]
no país. Temos contratos com
fornecedores alternativos para
atender à nossa demanda por,
no máximo, 180 dias."
Rufino voltou a culpar a chuva. "Quando a barragem foi
criada, os projetistas tomaram
por base as chuvas dos últimos
cem anos. Mas o volume nos
últimos dias foi maior."
A barragem, chamada São
Francisco, existe há 14 anos.
Segundo ele, o reservatório tinha apenas mais quatro meses
de vida útil, por conta da dificuldade de se encontrar bauxita ao seu redor. Outra barragem está sendo erguida a 3 km
dali, mas a obra está paralisada
por causa da interdição.
O dirigente disse que a empresa "vai arcar com todos os
prejuízos que causou". Técnicos da Rio Pomba divulgarão
laudo preliminar sobre o acidente em três meses -o definitivo sai em até oito meses.
Danos no Rio
A Cedae (Companhia de
Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) entrou ontem com ação
contra a Rio Pomba Cataguases. A companhia visa a reparar
danos materiais e contra a sua
imagem. O desastre poluiu o rio
Muriaé e deixou Laje do Muriaé, no Rio, sem abastecimento de água por parte da Cedae.
Wagner Victer, presidente da
estatal, diz que os danos não estão quantificados, mas estima o
prejuízo em R$ 1 milhão.
Procurada, a mineradora
afirmou que só se manifestaria
após a notificação da Justiça.
Ontem a lama chegou ao rio
Paraíba do Sul, em Campos dos
Goytacazes (RJ). Mas o abastecimento de água continua prejudicado só em Laje do Muriaé.
Colaborou a Sucursal do Rio
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