São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007

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Multa de R$ 75 mi é utopia, diz mineradora

Para diretor da Rio Pomba Cataguases, danos causados por vazamento em sua barragem "nunca chegariam a esse valor"

Antônio Rufino estima que a companhia terá de pagar entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões em indenizações pelo desastre ambiental

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATAGUASES

A Mineração Rio Pomba Cataguases, responsável pelo acidente na barragem de rejeitos de bauxita que deixou milhares de desabrigados e prejudicou o abastecimento de água em cidades de Minas e do Rio, disse ontem que a multa de R$ 75 milhões aplicada pelo governo mineiro é "utópica".
"Nunca os danos causados pelo vazamento da barragem chegariam a esse valor. Os danos estão sendo maximizados por problemas causados pelas chuvas", afirmou à Folha o diretor administrativo da empresa, Antônio Rufino.
A empresa estima pagar de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões em indenizações, principalmente a moradores de Miraí (MG), Muriaé (MG) e Laje do Muriaé (RJ), as mais afetadas.
No ano passado, segundo o diretor, a empresa pagou R$ 1,2 milhão aos atingidos pelo vazamento de 400 milhões de litros de lama da barragem -na semana passada, foram ao menos 2 bilhões de litros.
O secretário de Meio Ambiente de Minas, José Carlos Carvalho, rebateu as declarações. "Não acho a multa utópica. Acho que denegrir o ambiente deveria ser." Segundo Carvalho, a multa pode ser revertida em reparo de danos.
Rufino disse que o mercado de tratamento de água será afetado se a empresa continuar interditada, como determinou o governo mineiro. "Fornecemos 60% da bauxita para produção de sulfato de alumínio [componente da purificação da água] no país. Temos contratos com fornecedores alternativos para atender à nossa demanda por, no máximo, 180 dias."
Rufino voltou a culpar a chuva. "Quando a barragem foi criada, os projetistas tomaram por base as chuvas dos últimos cem anos. Mas o volume nos últimos dias foi maior."
A barragem, chamada São Francisco, existe há 14 anos. Segundo ele, o reservatório tinha apenas mais quatro meses de vida útil, por conta da dificuldade de se encontrar bauxita ao seu redor. Outra barragem está sendo erguida a 3 km dali, mas a obra está paralisada por causa da interdição.
O dirigente disse que a empresa "vai arcar com todos os prejuízos que causou". Técnicos da Rio Pomba divulgarão laudo preliminar sobre o acidente em três meses -o definitivo sai em até oito meses.

Danos no Rio
A Cedae (Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) entrou ontem com ação contra a Rio Pomba Cataguases. A companhia visa a reparar danos materiais e contra a sua imagem. O desastre poluiu o rio Muriaé e deixou Laje do Muriaé, no Rio, sem abastecimento de água por parte da Cedae.
Wagner Victer, presidente da estatal, diz que os danos não estão quantificados, mas estima o prejuízo em R$ 1 milhão.
Procurada, a mineradora afirmou que só se manifestaria após a notificação da Justiça.
Ontem a lama chegou ao rio Paraíba do Sul, em Campos dos Goytacazes (RJ). Mas o abastecimento de água continua prejudicado só em Laje do Muriaé.


Colaborou a Sucursal do Rio

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