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Na volta para casa, morador encontra lama e barata
Parte dos 15,5 mil desalojados pela chuva volta para casa
MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PERUÍBE
VERIDIANA SEDEH
DA AGÊNCIA FOLHA
Três dias após o Estado de
São Paulo ter sido atingido por
um temporal que deixou quatro mortos, parte das cerca de
15,5 mil pessoas que abandonaram as suas casas no litoral sul e
nos vales do Paraíba e do Ribeira tentou deixar a casa de parentes e abrigos e voltar ao seu
lar. Muitos não conseguiram.
Em Peruíbe (130 km de São
Paulo), onde foi decretado estado de calamidade pública, a desempregada Cléo dos Santos
Moura, 22, que mora no bairro
Caraguava -um dos mais atingidos pela inundação- com outras nove pessoas, encontrou
muita lama, sujeira, baratas e
até um peixe vivo dentro de casa. Não voltou.
Moura disse que limpou a casa e separou as coisas que jogará fora. "Não há condições de
dormir aqui, porque já não tem
cama. [Vamos voltar] provavelmente na sexta." Enquanto isso, ficará na casa de uma irmã.
A intensidade das chuvas diminuiu, e não foi registrada nenhuma ocorrência grave ontem, de acordo com a Defesa
Civil do Estado. Mas a previsão
é de pancadas de chuvas até sábado, segundo o Cptec (Centro
de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos).
O governo de São Paulo
anunciou ontem que uma força-tarefa foi criada. A Codasp
(Companhia de Desenvolvimento Agrícola), por exemplo,
ajudará as prefeituras a reconstruir as estradas rurais.
A Coordenadoria Estadual
de Defesa Civil aguarda um levantamento das prefeituras para calcular os recursos a serem
liberados pelo governo.
A Sabesp trabalha para restabelecer o fornecimento de
água, e o Departamento de Estradas de Rodagem atua na região do Vale do Ribeira para a
recuperação de trechos de estradas atingidas pela queda de
barreiras, como a SP-193.
Animais mortos
A auxiliar de limpeza Elisete
Imaculada Lopes, 29, está com
os cinco filhos e outras duas
crianças da família em um dos
alojamentos de Peruíbe. Ela
também tentou ir embora ontem, mas não conseguiu.
A casa em que mora com o
marido, no Jardim Veneza, estava cheia de animais mortos e
não tinha água para lavar as
coisas. Ela perdeu eletrodomésticos, móveis e uma TV de
29 polegadas, que ainda não
acabou de pagar.
Ainda há pessoas nos alojamentos da cidade. Segundo a
assessoria de imprensa da prefeitura, foram arrecadadas 10
mil peças de roupa, cerca de 20
toneladas de alimentos, 600
colchões, 400 cestas básicas e
400 cobertores.
O secretário municipal da
Saúde, Antônio Carlos Bianchi
da Silva, diz que não há necessidade de vacinação em massa,
inclusive contra tétano. "Depois de uma enchente [como
essa], a vacinação é inócua."
As prefeituras dos municípios mais afetados pelas chuvas
no Vale do Ribeira nos últimos
dias também dizem que os desalojados estão limpando as
suas casas, e, aos poucos, a situação se normaliza. Ainda não
há estimativa dos prejuízos.
Na zona rural de Jacupiranga
(260 km de São Paulo, no Vale
do Ribeira), seis dos oito bairros estavam ilhados devido a
danos nas estradas e ao rompimento de pontes. A rodovia SP-193, que liga a cidade a Eldorado, continuava interditada.
Na mesma região, em Cajati
(219 km de São Paulo), onde
também foi decretado estado
de calamidade pública, a inundação acabou, e os mais de
5.000 desalojados estão voltando para retirar a lama das casas.
A exemplo de Peruíbe, a estimativa é que os prejuízos na cidade cheguem a R$ 5 milhões.
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