São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Mortes por febre amarela já chegam a 5

É o mesmo número de mortes pela doença em todo o ano passado; até agora, dos 6 casos confirmados, só uma mulher sobreviveu

As 3 vítimas, entre as quais um espanhol, contraíram a doença em GO; outras duas pessoas morreram após serem infectadas no Estado

DA AGÊNCIA FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DE GENEBRA

O Ministério da Saúde confirmou ontem mais três mortes por febre amarela no país. Com esses, já são cinco os casos fatais provocados pela doença neste ano -o mesmo número de todo o ano passado. Dos seis casos da doença confirmados, só uma mulher sobreviveu.
As novas mortes foram confirmadas horas depois de o presidente Lula e do ministro José Gomes Temporão (Saúde) terem reafirmado, em Cuba, que não há risco de epidemia da doença. Também antes da divulgação dos novos casos, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, afirmou que era apenas uma epidemia de fofocas.
As três vítimas confirmadas ontem, entre as quais um espanhol, contraíram a doença em Goiás e morreram na semana passada. Outras duas pessoas também morreram após serem infectadas no Estado.
Ao todo, o ministério afirma que outros 15 casos suspeitos estão sendo investigados. Só em Goiás, há sete suspeitas.
A mulher que sobreviveu -ela está internada em São Paulo e passa bem- também contraiu a doença em Mato Grosso do Sul.
O número de casos é o mais elevado no Estado desde 2001. No surto de 2000, foram 53 casos e 23 mortes em Goiás. De 2001 a 2006, nenhuma ocorrência foi registrada. Em 2007, foram duas mortes no Estado.
Para o Ministério da Saúde, no entanto, a ocorrência da doença em Goiás está dentro da normalidade e se deve a uma maior circulação do vírus da febre amarela entre macacos. Ainda segundo a pasta, os casos são mais freqüentes entre janeiro e abril por causa do período de chuvas.

Vítimas
A febre amarela foi confirmada como a causa das mortes do espanhol Salvador de La Cal, 41, em Goiânia; da aposentada Maria Geraldina Siqueira, 63, que morreu no interior do Estado; e do bancário aposentado Almir Rodrigues da Cunha, 46, que morreu em Maringá (PR).
O espanhol morto, que estava no país havia menos de dois meses, tinha comprado uma chácara em Cristianópolis (93 km de Goiânia). Em 3 de janeiro, ele começou a passar mal e procurou hospitais públicos. Foi medicado e liberado duas vezes. Com a piora do estado de saúde, foi internado no Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia. Morreu no sábado.
Na semana passada, a Secretaria da Saúde de Goiás chegou a descartar a suspeita de febre amarela. O órgão informou, por meio de sua assessoria, que o paciente provavelmente havia contraído dengue.
O aposentado de Maringá morreu no último dia 9, três dias após ser internado. Ele passou o final de ano em sua cidade natal, Caldas Novas (120 km de Goiânia).
A outra vítima, Maria Geraldina Siqueira, também não vivia em Goiás. Ela morava em Mogi das Cruzes (SP) e adoeceu na cidade de Rubiataba (249 km de Goiânia). Morreu em 9 de janeiro, dois dias após ser hospitalizada.
Anteontem, o governo de Goiás confirmou que um homem de 24 anos, que morreu no dia 2 de janeiro, também contraiu a doença. Ele adoeceu após passar o fim de ano em uma fazenda na cidade de Goianésia. O nome dele não foi divulgado a pedido da família.
Na semana passada, o Ministério da Saúde divulgou que Graco Abubakir, 38, um servidor público de Brasília que visitou o município de Pirenópolis (GO), morreu da doença.

Precauções
A Secretaria da Saúde de Goiás diz que vem tomando todas as medidas necessárias contra a febre amarela e que não vai mudar as ações após a confirmação dos novos casos.
O órgão diz que tem intensificado a imunização e rastreado moradores de áreas rurais que nunca receberam a vacina ou que foram vacinados há mais de dez anos.
Em Maringá (PA), que por ser um pólo atacadista recebe diariamente viajantes do Centro-Oeste, deve haver uma escalada da vacinação nos postos, segundo a Secretaria da Saúde do município.
De acordo com o Ministério da Saúde, houve mortes de macacos com suspeita da doença em 173 municípios de nove Estados, entre abril de 2007 e janeiro de 2008.
Daniel Epstein, porta-voz da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), disse não ter entendido de onde surgiram as informações de que a entidade teria tornado mais rigoroso seu alerta em relação ao Brasil.
"Foi uma surpresa saber que milhões de pessoas no Brasil estão fazendo fila para receber a vacina, já que não há uma epidemia", afirmou.
(FELIPE BÄCHTOLD, JOSÉ MASCHIO, JOHANNA NUBLAT, ANGELA PINHO e MARCELO NINIO)

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