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RACISMO
Fundação Palmares, de Brasília, pediu ação criminal contra universidade de MS
Procuradoria pode abrir inquérito
RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande
A Fundação Cultural Palmares,
de Brasília, vinculada ao Ministério da Cultura, pediu à Procuradoria Geral da República abertura de
ação criminal para apurar suposto
crime de racismo praticado pela
Comissão Permanente de Vestibular da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul.
A ação é baseada em três artigos
da Constituição Federal e no artigo
20 da lei 7.716/89, com as alterações da lei 9.459/97, que prevêem
pena de reclusão de dois a cinco
anos e multa para quem "praticar,
induzir ou incitar a discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional".
A notícia-crime apresentada pela fundação será analisada pela
Procuradoria, que pode ou não
pedir abertura de inquérito policial.
Em seu vestibular, a universidade incluiu uma questão, para análise gramatical, com as frases "ela
é bonita, mas é negra" e "embora
negra, ela é bonita".
Ontem, o reitor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul), Jorge Chacha, recebeu representantes de entidades de defesa dos direitos dos negros, em
Campo Grande (MS).
Núcleo afro-indígena
O reitor prometeu acatar todos
os pontos de uma pauta de nove
ítens apresentada pelas entidades
como uma "agenda social" para
minorias.
O reitor disse que ainda estuda a
possibilidade de criar um núcleo
de estudos afro-indígenas.
Os representantes quiseram saber o nome do professor responsável pela questão, mas o reitor alegou sigilo. Chacha disse que não
faria "um ato covarde de expor e
demitir o elo mais frágil".
O reitor chegou a dizer que não
faria como no caso recente em que
o ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, determinou o afastamento do assessor de seu gabinete,
Marcelo Azalim, com quem o deputado federal Maurício Requião
(PMDB-PR) gravou uma conversa
sobre uso político de verbas públicas.
Chacha determinou a criação de
uma comissão interna com participação de três representantes das
entidades, para acompanhar o
atendimento da pauta.
De imediato, o reitor prometeu
acatar quatro propostas, entre elas
a elaboração de um novo pedido
de desculpas para divulgação paga
nos veículos de comunicação social.
Outro pedido atendido é a inclusão, na programação do canal pago TV Universitária, de documentários, filmes e reportagens "que
contribuam para a efetivação da
cidadania negra".
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