|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE PÚBLICA
Medida é inédita no país; decisão prevê pagamento de R$ 1.500 por mês para custear internação
Justiça obriga governo a tratar autista
SORAYA AGÉGE
da Reportagem Local
A Justiça vai obrigar o governo
paulista a pagar R$ 1.500 por mês
para custear a internação de um
adolescente autista, em uma medida inédita no país. A ação pode
abrir precedentes para que outros
portadores da doença carentes
consigam tratamento.
A decisão, do juiz da 2ª Vara da
Fazenda de São Paulo Egberto de
Almeida Penido, é considerada
inédita pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ABRA (Associação Brasileira de Autismo) e
Ministério Público Estadual.
A cautelar foi publicada no
"Diário Oficial" do Estado de 12
de janeiro e deve ser oficiada à
Procuradoria Geral do Estado em
uma semana.
Estimativa
O Ministério da Saúde não tem
estatísticas sobre o autismo. A estimativa é de que 5 entre cada 10
mil pessoas tenham a doença.
Apenas na cidade de São Paulo,
segundo instituições filantrópicas
consultadas pela Folha, pelo menos 350 crianças pobres estão em
listas de espera para atendimento.
O governo não mantém instituições específicas para autistas.
Na cidade de São Paulo, a AMA
(Associação dos Amigos dos Autistas) e a AUMA (Associação dos
Amigos da Criança Autista) fazem esse tipo de atendimento.
A Procuradoria informou ontem que pretende recorrer da medida e que considerava o caso resolvido, graças a um convênio firmado pelo governo com a AMA.
A entidade nega o acordo e alega
que precisa cobrar R$ 1.500 pela
internação. Outros 200 esperam
atendimento na AMA.
A Justiça foi acionada pelos advogados Ignez Lúcia Sadiva Tessa
e Marcelo Beserra, a pedido da desempregada Normaci de Souza
Sampaio, mãe de Antonio Celso
Sampaio Conceição, 16.
Normaci e Antonio Celso só
têm sobrevivido graças à ajuda de
médicos, advogados, comerciantes, vizinhos e entidades civis.
O diagnóstico do garoto aponta
"autismo severo". Antonio é
agressivo e depende do cuidado
da mãe, única familiar com quem
ele mantém contato.
Por causa disso, Normaci não
tem conseguido trabalhar e só sobrevive com o filho graças à solidariedade das pessoas que procura (leia texto ao lado).
De acordo com a ação, baseada
na Constituição (que garante o direito à saúde e ao trabalho) e na
Lei Orgânica da Saúde, o governo
é obrigado a pagar pelo tratamento, se não criar uma unidade para
esse tipo de serviço, prestado somente por entidades particulares.
Segundo o Gaesp (Grupo de
Atuação Especial de Saúde Pública e da Saúde do Consumidor) do
Ministério Público, outras vítimas
devem recorrer aos promotores
para garantir seu direito à saúde.
Texto Anterior: Rede pública: Professores do Rio entram em greve hoje Próximo Texto: Caridade garante a sobrevivência Índice
|