|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Embaixada faz 'gestões políticas'
MARCIO AITH
de Washington
A embaixada brasileira em
Washington decidiu fazer
"gestões políticas" no Departamento de Estado dos EUA para
solucionar o problema de cidadania de brasileiros adotados
quando crianças por famílias
norte-americanas e que correm o risco de serem deportados para o Brasil por terem cometido crimes.
A informação foi dada à Folha pelo embaixador brasileiro
nos EUA, Rubens Barbosa.
No último domingo, a Folha
revelou os casos de Joao Herbert e de Djavam Arams Silva,
legalmente adotados em 1986 e
1987 -quando tinham 7 e 10
anos- e que viveram durante
13 e 14 anos com seus pais adotivos, nos Estados de Ohio e de
Massachusetts.
Ambos violaram a lei e foram
presos nos EUA. Herbert foi
condenado por tráfico. Silva,
por desacato à autoridade e
agressão a um policial. Eles foram informados pela imigração norte-americana que serão
deportados porque os EUA
não os consideram norte-americanos, apesar de terem sido
adotados legalmente.
Isso porque a lei de adoções
do país só garante cidadania
norte-americana a crianças
que forem naturalizadas pelos
pais. A adoção, por si só, não
garante a cidadania, ao contrário das legislações de todos os
outros países sobre o assunto.
No mês passado, o governo
norte-americano pediu ao governo brasileiro os documentos de viagem necessários para
que ambos fossem deportados.
Por orientação formal do Itamaraty em Brasília, o governo
brasileiro negou o pedido, alegando que a adoção é um ato
irrevogável. O Itamaraty alega
ainda que os dois jovens não
têm condições de adaptarem-se ao país onde nasceram e de
onde foram tirados há mais de
uma década por casais que
prometeram à Justiça brasileira
que os tratariam como filhos.
"Decidimos fazer gestões políticas no Departamento de Estado para resolver o problema.
Vamos dizer que estamos
preocupados com esses rapazes e com o sistema de adoções
norte-americano, que não garante a cidadania a crianças
adotadas. De acordo com nossa legislação, isso não é possível", disse o embaixador.
Texto Anterior: Justiça: Brasil não vai colaborar com a deportação Próximo Texto: Segurança: Crime organizado e fronteiras terão programa de trabalho Índice
|