São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2000


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Embaixada faz 'gestões políticas'

MARCIO AITH
de Washington

A embaixada brasileira em Washington decidiu fazer "gestões políticas" no Departamento de Estado dos EUA para solucionar o problema de cidadania de brasileiros adotados quando crianças por famílias norte-americanas e que correm o risco de serem deportados para o Brasil por terem cometido crimes.
A informação foi dada à Folha pelo embaixador brasileiro nos EUA, Rubens Barbosa.
No último domingo, a Folha revelou os casos de Joao Herbert e de Djavam Arams Silva, legalmente adotados em 1986 e 1987 -quando tinham 7 e 10 anos- e que viveram durante 13 e 14 anos com seus pais adotivos, nos Estados de Ohio e de Massachusetts.
Ambos violaram a lei e foram presos nos EUA. Herbert foi condenado por tráfico. Silva, por desacato à autoridade e agressão a um policial. Eles foram informados pela imigração norte-americana que serão deportados porque os EUA não os consideram norte-americanos, apesar de terem sido adotados legalmente.
Isso porque a lei de adoções do país só garante cidadania norte-americana a crianças que forem naturalizadas pelos pais. A adoção, por si só, não garante a cidadania, ao contrário das legislações de todos os outros países sobre o assunto.
No mês passado, o governo norte-americano pediu ao governo brasileiro os documentos de viagem necessários para que ambos fossem deportados.
Por orientação formal do Itamaraty em Brasília, o governo brasileiro negou o pedido, alegando que a adoção é um ato irrevogável. O Itamaraty alega ainda que os dois jovens não têm condições de adaptarem-se ao país onde nasceram e de onde foram tirados há mais de uma década por casais que prometeram à Justiça brasileira que os tratariam como filhos.
"Decidimos fazer gestões políticas no Departamento de Estado para resolver o problema. Vamos dizer que estamos preocupados com esses rapazes e com o sistema de adoções norte-americano, que não garante a cidadania a crianças adotadas. De acordo com nossa legislação, isso não é possível", disse o embaixador.


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