São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2000


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GOLPE ELETRÔNICO
Polícia de São Paulo começa a identificar vítimas de quadrilha
Grupo clonou mais de 300 cartões

ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

A polícia identificou 325 contas de clientes de bancos cujos cartões magnéticos foram clonados no laboratório de uma quadrilha de estelionatários eletrônicos descoberta anteontem na zona leste de São Paulo.
A verificação começou a ser feita com o próprio computador apreendido na casa do motoboy Feliciano Dato Júnior, 22, suspeito de integrar o grupo.
Ainda há outros 300 cartões magnéticos para serem conferidos hoje, segundo o delegado Ítalo Zaccharo Neto, da SIG (Setor de Investigações Gerais) da 7ª Delegacia Seccional (Itaquera).
A quantidade de contas identificadas até agora é mais que a metade das reclamações de saques indevidos recebidas pelo Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) da capital em 99. Este ano, esses casos lideram pela primeira vez as reclamações contra bancos em São Paulo.
O cartão ""dublê" ou ""clonado" é uma das modalidades de golpe eletrônico investigado pela polícia. Ele serve para fazer retiradas e transferências sem a autorização do correntista, que só percebe o furto eletrônico ao movimentar sua conta ou retirar extratos.
A maioria dos clones encontrados anteontem traz códigos de agências do Itaú, banco classificado pelo número 341 no mercado financeiro, de acordo com o delegado. ""Vamos tentar descobrir quem são os titulares e se eles já foram vítimas dos saques", disse.
A polícia conseguiu os números da agência e da conta corrente gravada nas tarjas magnéticas dos cartões. Segundo o delegado, há a possibilidade de parte dos clones não ter sido usada ainda por causa da apreensão.
Ainda há dúvidas sobre como eram obtidas as informações dos correntistas. Júnior teria dito que olheiros recolhiam os dados nas agências, observando as vítimas. A polícia não descarta a possibilidade de envolvimento de funcionários de bancos no esquema.
O delegado irá pedir a quebra do sigilo bancário do motoboy para investigar possíveis transferências fraudulentas de dinheiro.
Equipamentos iguais aos que a polícia encontrou na casa dele -leitor de cartão magnético, gravador e computador- são vendidos hoje pela Internet e há representantes no país. Um pacote com cem cartões com tarjas limpas custa R$ 42,72, por exemplo.
Os advogados do motoboy confirmam que ele tentou aprender a técnica, mas que não conseguiu cometer o crime. ""Tentou a clonagem, mas não haveria como tirar o dinheiro das contas", disse o advogado José Brasiel de Queiroz.


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