São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007 |
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BARBARA GANCIA Educação nem tanto em frangalhos
O INSTITUTO Dom Barreto, de Teresina, no Piauí, é a melhor escola do país? Sei, sei. Agora conta aquela do papagaio. Com todo o meu respeito pelos alunos do colégio particular que obteve a melhor média geral do Exame Nacional do Ensino Médio, será que a prova do Enem serve mesmo para identificar as nossas melhores instituições de ensino? Será que o Instituto Dom Barreto prepara melhor seus alunos do que, digamos, o Santo Américo, o São Luís e o Santa Cruz, de São Paulo, ou o São Bento e o Santo Inácio, do Rio? Muito tem se falado das péssimas avaliações feitas nos últimos tempos a respeito da educação tapuia. Mas será que não estamos todos olhando na direção errada? Nesta semana, a revista "Veja" traz uma reportagem alentadora sobre o que está acontecendo nos municípios que adotaram parcerias entre escolas públicas e gestões particulares. A prefeitura entra com a administração das escolas e grupos particulares como o COC, o Anglo, o Positivo e o Objetivo cuidam da parte acadêmica. Trata-se de uma verdadeira revolução. Para quem não sabe, a Constituição de 1988, ela mesma, com todos as suas imperfeições, acertou em cheio quando determinou que os municípios devem empregar 25% do seu orçamento na educação. Depois de anos sendo aplicada, agora a lei começa a surtir efeito. Veja só: como os municípios são obrigados a usar um quarto do valor que arrecadam em educação, dindim não chega a ser um problema. E, vencida a barreira que a burocracia estabelecia quando não aceitava a contratação de empresas privadas para co-gerir o sistema educacional, a qualidade de ensino está dando um salto significativo. Segundo o MEC (Ministério de Educação e Cultura), 25% dos municípios do estado de São Paulo já adotaram a parceria e estão colhendo os resultados. O melhor exemplo vem de sete municípios paulistas que se destacam no ranking do Estado e figuram na lista das dez melhores instituições de ensino do país. A aplicação da verba obrigatória possibilita a contratação de material de empresas privadas de qualidade com verba para treinar professores, com controle de aulas e avaliação permanente e com dinheiro suficiente para pagar os salários (é obrigatório empregar 60% das verbas da educação em salário de professor). Se você está se habituando a ler sobre a falência do ensino sem questionar, preste atenção no que está acontecendo bem debaixo dos nossos narizes. Daqui a pouco, quando produzirem um "Globo Repórter" da vida falando sobre o surpreendente salto de qualidade na educação que foi promovido pela Constituição do doutor Ulysses, não vá reagir com espanto e dizer que não sabia o que estava acontecendo. E, se você ver algum professor da rede pública torcer o nariz contra as mudanças, abra o olho. Ele pode muito bem estar reclamando da avaliação que passou a sofrer periodicamente e que hoje o impede de interferir no currículo escolar para, por exemplo, discorrer livremente sobre as virtudes do MST na sala de aula, como a gente está cansada de saber que acontece. barbara@uol.com.br Texto Anterior: Confronto entre traficantes e polícia no Alemão causa pânico no Rio Próximo Texto: Qualidade das prais: Condições de banho pioram em 6 das 13 cidades do litoral de SP Índice |
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