São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

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Mulher é acusada de manter tio refém por 5 anos

JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO

A sobrinha do fazendeiro Joaquim de Araújo Carvalho, 74, foi acusada de ter mantido, por cinco anos, o idoso em cárcere privado, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. A advogada Siomara Procópio de Castro Cervantes, 55, e o marido dela, Hector Anibal Rodrigues Souto Araujo, 40, foram presos pela Polícia Federal em Santana do Livramento (RS) na segunda.
O fazendeiro -dono de duas fazendas avaliadas em R$ 3 milhões- foi liberado na última segunda pela Polícia Federal e chegou a São Simão (278 km de SP) na madrugada de quarta.
O idoso desapareceu de São Simão depois de ter sido convencido a passar uma procuração para a sobrinha dando-lhe plenos poderes para administrar seus bens. Ele também nomeou Siomara como sua única herdeira.
"Ele estava em cárcere privado, apesar de ter certa liberdade de locomoção. O casal está sendo investigado também por seqüestro e extorsão", disse o promotor Tiago Cintra Essado, de São Simão, que acompanha uma ação da família contra o casal desde 2005. Segundo ele, a sobrinha recebia pelo tio R$ 60 mil por ano pelo arrendamento das terras.
O casal teve sua prisão temporária prorrogada ontem. Procurada pelo telefone, a advogada dos dois, Márcia Cristina Batista, não quis falar sobre o caso ontem. Siomara, em documento enviado ao Conselho Nacional de Justiça em novembro, com reclamações sobre o processo movido pela família, disse que o tio gosta dela como um pai e que a família só foi atrás de Carvalho porque está endividada.
Em casa, rodeado por outras sobrinhas e a irmã Shara Procópio de Araújo Carvalho Fiore, 81, o aposentado, com o olhar assustado, parecia não ter noção de que passou cinco anos no Uruguai. "Hector é encrenca. Eu estava na minha fazenda na Bahia", afirmou.
Aos poucos, Carvalho contou que morava em uma edícula e que sonhava voltar para casa. "Eu morava dia com o Hector, dia com a Siomara, não sei direito. Quando eu falava que queria voltar para ver São Simão, minha terra e o meu povo e o Hector me dava tapas nas costas", afirmou.
"Eu comia arroz e feijão e de vez em quando tinha carne. Tinha dia que passava fome."
De acordo com a sobrinha Maria Olímpia Procópio de Araújo Carvalho, 46, o tio não tem dormido direito. "Ele pede para fechar a janela e diz para nós que a Siomara e o Hector podem voltar. Ele ainda não readquiriu a confiança e tem medo de ter que voltar a morar com eles."

Hector
Anibal Rodrigues Souto Araujo foi julgado e absolvido no caso.

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