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Mulher é acusada de manter tio refém por 5 anos
JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO
A sobrinha do fazendeiro
Joaquim de Araújo Carvalho,
74, foi acusada de ter mantido,
por cinco anos, o idoso em cárcere privado, na fronteira do
Rio Grande do Sul com o Uruguai. A advogada Siomara Procópio de Castro Cervantes, 55,
e o marido dela, Hector Anibal
Rodrigues Souto Araujo, 40, foram presos pela Polícia Federal
em Santana do Livramento
(RS) na segunda.
O fazendeiro -dono de duas
fazendas avaliadas em R$ 3 milhões- foi liberado na última
segunda pela Polícia Federal e
chegou a São Simão (278 km de
SP) na madrugada de quarta.
O idoso desapareceu de São
Simão depois de ter sido convencido a passar uma procuração para a sobrinha dando-lhe
plenos poderes para administrar seus bens. Ele também nomeou Siomara como sua única
herdeira.
"Ele estava em cárcere privado, apesar de ter certa liberdade de locomoção. O casal está
sendo investigado também por
seqüestro e extorsão", disse o
promotor Tiago Cintra Essado,
de São Simão, que acompanha
uma ação da família contra o
casal desde 2005. Segundo ele,
a sobrinha recebia pelo tio R$
60 mil por ano pelo arrendamento das terras.
O casal teve sua prisão temporária prorrogada ontem.
Procurada pelo telefone, a advogada dos dois, Márcia Cristina Batista, não quis falar sobre
o caso ontem. Siomara, em documento enviado ao Conselho
Nacional de Justiça em novembro, com reclamações sobre o
processo movido pela família,
disse que o tio gosta dela como
um pai e que a família só foi
atrás de Carvalho porque está
endividada.
Em casa, rodeado por outras
sobrinhas e a irmã Shara Procópio de Araújo Carvalho Fiore, 81, o aposentado, com o
olhar assustado, parecia não ter
noção de que passou cinco anos
no Uruguai. "Hector é encrenca. Eu estava na minha fazenda
na Bahia", afirmou.
Aos poucos, Carvalho contou
que morava em uma edícula e
que sonhava voltar para casa.
"Eu morava dia com o Hector,
dia com a Siomara, não sei direito. Quando eu falava que
queria voltar para ver São Simão, minha terra e o meu povo
e o Hector me dava tapas nas
costas", afirmou.
"Eu comia arroz e feijão e de
vez em quando tinha carne. Tinha dia que passava fome."
De acordo com a sobrinha
Maria Olímpia Procópio de
Araújo Carvalho, 46, o tio não
tem dormido direito. "Ele pede
para fechar a janela e diz para
nós que a Siomara e o Hector
podem voltar. Ele ainda não
readquiriu a confiança e tem
medo de ter que voltar a morar
com eles."
Hector
Anibal Rodrigues Souto Araujo foi julgado e absolvido no caso.
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