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D'Urso diz que declaração de Pinho ofende advocacia de SP
Os dois estiveram presentes ontem em cerimônia do Tribunal de Justiça Militar
Procurador-geral de Justiça reafirmou crítica à Ordem e disse que lista de repúdio remete a práticas do tempo do regime militar
ROGÉRIO PAGNAN
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da OAB paulista, Luiz Flávio D'Urso, reagiu
ontem às declarações do procurador-geral de Justiça de São
Paulo, Rodrigo César Rebello
Pinho, que disse na quarta-feira que a entidade dos advogados atua de "forma fascista".
Durante cerimônia para a
posse do novo presidente do
Tribunal de Justiça Militar de
São Paulo, coronel Fernando
Pereira, D'Urso afirmou que Pinho -que também estava no
evento- "ofendeu a advocacia
de São Paulo".
"Aceito o debate, aceito o
confronto de idéias, aceito até o
debate das teses institucionais,
que sempre tivemos com respeito e lealdade. Mas não posso
aceitar, meu querido amigo, essa expressão que entendo ofensiva à advocacia de São Paulo."
Pinho usou a expressão "fascista" durante ato de desagravo
a três promotores, na quarta-feira, no qual criticou a entidade pela divulgação na internet
do que chamou de "lista de inimigos". Trata-se de uma relação de pessoas que sofreram
moções de repúdio da OAB por
supostamente "atrapalhar os
advogados no exercício de suas
prerrogativas". Os três promotores são alvos de moções.
Na cerimônia de posse, em
discurso, D'Urso cumprimentou as autoridades presentes e,
deixando Pinho por último,
disse: "Quando um dirigente se
manifesta em nome da sua instituição, precisa pesar o alcance
das palavras. A palavra pode
construir ou pode destruir".
Dizendo-se surpreendido pelo ataque de Pinho, D'Urso continuou: "Quando vossa excelência dispara um dardo a trazer a adjetivação de fascista,
não a mim -se o fosse, vossa
excelência teria a resposta à altura, pessoal-, mas, quando
vossa excelência diz que a OAB
tem procedimento fascista (...),
repudio veementemente esta
expressão".
Na sua vez de discursar, Pinho repetiu as críticas. "Reafirmo: incluir colegas num procedimento sem previsão legal,
condicional, que atuaram no
estrito cumprimento do dever
legal, lembra sim, infelizmente,
o tempo de regime [militar] (...
); é medida concreta de caráter
fascista."
Troca de notas
Além de D'Urso, o presidente
nacional da OAB, Cezar Britto,
também criticou Pinho. Em
nota, disse que ele falou bobagens e que precisa voltar à escola para estudar a história da
OAB. "Se hoje ele pode dizer
bobagens, é porque o país vive a
plenitude democrática, e a OAB
tem tudo a ver com isso", afirma (leia texto ao lado).
Mais tarde, o procurador-geral respondeu, também em nota: "[A OAB] não detém, de forma alguma, o monopólio da virtude, nem tem, dentre suas
atribuições, a de instaurar tribunais de exceção para o julgamento sumário de servidores."
D'urso, também em nota,
voltou à carga. "A OAB-SP não
se intimida, não recua, não esmorece e jamais transigirá
quando alguma autoridade, seja quem for, violar as prerrogativas profissionais dos advogados, verdadeira trincheira de
resistência às condutas, estas
sim fascistas, de quem não respeita a lei", termina o texto.
A lista de "inimigos" da OAB,
nome que a seccional rejeita,
passou a ser divulgada em
2006. Nela estão as moções de
repúdio publicadas pela entidade no "Diário Oficial" do Estado contra autoridades e pessoas que, para a Ordem, atrapalharam o trabalho dos advogados. Há, atualmente, 108 pessoas, fora os promotores.
No caso deles, segundo a
OAB, a moção de repúdio foi
aprovada porque teriam autorizado policiais a entrar em um
escritório de advocacia para
prender um cliente que iria se
entregar pacificamente. Para o
Ministério Público, os promotores agiram no estrito cumprimento do dever legal.
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