UOL


São Paulo, domingo, 16 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rádio para a comunidade sai do ar

DA REPORTAGEM LOCAL

Até a última quinta-feira, quem sintonizasse a 101,3 FM na região central de São Paulo podia ouvir programas em espanhol, guarani, aimará e quíchua, 24 horas por dia. As duas últimas línguas são faladas por moradores dos Andes peruanos e bolivianos. O guarani tem o acento típico de algumas regiões do Paraguai.
A Latin Sat 101,3, com esse nome pomposo, não tinha a intenção de ser ouvida tão longe. Como rádio comunitária, com alcance limitado a alguns quilômetros, ela era a mais ouvida em milhares de oficinas de costura que se concentram pelo Pari, Brás, Bom Retiro, Barra Funda, Belém, regiões centrais e do leste, subindo até o bairro do Limão, na zona norte.
Antes de ser Latin Sat, a rádio já se chamou Sul Americana e Expression Latina, e foi fechada duas vezes pela polícia. Na sexta, os cerca de 35 locutores que se revezavam não tiveram os R$ 30 mil pedidos pelo proprietário do equipamento e o devolveram.
A Latin Sat era o único meio de integração da comunidade latino-americana de São Paulo. A Pastoral do Migrante, assessorada pela Oboré Projetos Especiais, busca o apoio da Secretaria da Saúde e do Ministério das Comunicações para a concessão de uma rádio que sirva à comunidade. Na Câmara Municipal, um projeto de lei que permite ao município "conceder" rádios comunitárias, já passou pelas principais comissões.
"Umas 30 mil a 40 mil pessoas ouviam a rádio", diz Andrés Espinoza, um dos locutores da Latin Sat e dirigente da Interligas Boliviana de Futebol.
Pelos seus números, existem 22 ligas que reúnem pelo menos 700 times de futebol de salão, "society" e de campo. São mais de 10.000 jogadores, só bolivianos, e só em São Paulo, a grande maioria em situação irregular. "Para jogar, ninguém pede papéis."
O Los Phuyas, nome de uma região da Bolívia, venceu o último torneio e participará, pela primeira vez, do campeonato metropolitano de futebol de salão.
"Já estamos formando times de filhos dos imigrantes que chegaram aqui há 10 ou 12 anos", declara Espinoza. (AB)


Texto Anterior: Rota de entrada evita fronteira vigiada
Próximo Texto: Gilberto Dimenstein: A culpa é do Lula
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.