São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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EDUCAÇÃO AOS PEDAÇOS

Sem refeitório, alunos improvisam para almoçar em colégio na zona sul

Criança come em pé em escola de SP

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

É hora da merenda na escola estadual Hilton Reis Santos, no bairro do Embura, próximo ao Marsilac (extremo sul de São Paulo). O movimento de alunos é grande, os pratos estão cheios e os copos contêm suco, mas as crianças são obrigadas a comer em pé, sentadas no chão ou em cadeiras. Até mesmo um palco serve para acomodá-las durante a refeição. O motivo: desde a inauguração, há 28 anos, a escola não tem refeitório.
O problema foi agravado, segundo a Diretoria Regional de Ensino do setor Sul-3, porque a escola recebeu, nos últimos quatro anos, uma grande demanda de alunos. Não há capacidade, explicou o órgão, para abrigar 1.300 alunos de ensino fundamental e médio, divididos em três períodos, no único pátio onde as refeições são distribuídas. A escola não informou quantos alunos tinha quatro anos atrás.
Diante da situação, resta aos estudantes improvisar: quando toca o sinal, alguns ficam em cadeiras ou num palco ao lado da cozinha e colocam o prato nos joelhos para manusear os talheres. Quem chega por último come em pé ou no chão. Há apenas três carteiras escolares disponíveis no pátio, que são ocupadas rapidamente.
"É muito errado isso", protesta Magali Carvalho, 42, mãe de dois adolescentes que estudam no local. Outra mãe, que não quis se identificar, disse que o prato do filho, que comia no chão, chegou a ser derrubado por alunos que passavam. Há pais, porém, que reagem com resignação. "Sempre foi assim. Mas a escola é ótima", disse Maria Aparecida da Silva, 39, que buscava o filho João, 9.
Ontem, a dirigente regional de ensino do setor Sul-3, Antonia Eugenia Camelo, afirmou que uma reforma, prevista para começar no segundo semestre deste ano, vai ampliar de 15 para 18 o número de salas. A área do pátio passará de 220 m2 para 400 m2, o suficiente, segundo ela, para abrigar o refeitório. O custo não foi divulgado. Após a Folha visitar o local, disse que providenciará, até a próxima semana, bancos e mesas para os alunos. Até lá, os intervalos serão em horários diferentes para que eles consigam se acomodar no pátio.


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