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EDUCAÇÃO AOS PEDAÇOS
Sem refeitório, alunos improvisam para almoçar em colégio na zona sul
Criança come em pé em escola de SP
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
É hora da merenda na escola
estadual Hilton Reis Santos, no
bairro do Embura, próximo ao
Marsilac (extremo sul de São
Paulo). O movimento de alunos
é grande, os pratos estão cheios
e os copos contêm suco, mas as
crianças são obrigadas a comer
em pé, sentadas no chão ou em
cadeiras. Até mesmo um palco
serve para acomodá-las durante
a refeição. O motivo: desde a
inauguração, há 28 anos, a escola não tem refeitório.
O problema foi agravado, segundo a Diretoria Regional de
Ensino do setor Sul-3, porque a
escola recebeu, nos últimos
quatro anos, uma grande demanda de alunos. Não há capacidade, explicou o órgão, para
abrigar 1.300 alunos de ensino
fundamental e médio, divididos
em três períodos, no único pátio
onde as refeições são distribuídas. A escola não informou
quantos alunos tinha quatro
anos atrás.
Diante da situação, resta aos
estudantes improvisar: quando
toca o sinal, alguns ficam em cadeiras ou num palco ao lado da
cozinha e colocam o prato nos
joelhos para manusear os talheres. Quem chega por último come em pé ou no chão. Há apenas três carteiras escolares disponíveis no pátio, que são ocupadas rapidamente.
"É muito errado isso", protesta Magali Carvalho, 42, mãe de
dois adolescentes que estudam
no local. Outra mãe, que não
quis se identificar, disse que o
prato do filho, que comia no
chão, chegou a ser derrubado
por alunos que passavam. Há
pais, porém, que reagem com
resignação. "Sempre foi assim.
Mas a escola é ótima", disse Maria Aparecida da Silva, 39, que
buscava o filho João, 9.
Ontem, a dirigente regional de
ensino do setor Sul-3, Antonia
Eugenia Camelo, afirmou que
uma reforma, prevista para começar no segundo semestre
deste ano, vai ampliar de 15 para
18 o número de salas. A área do
pátio passará de 220 m2 para 400
m2, o suficiente, segundo ela, para abrigar o refeitório. O custo
não foi divulgado. Após a Folha
visitar o local, disse que providenciará, até a próxima semana,
bancos e mesas para os alunos.
Até lá, os intervalos serão em
horários diferentes para que eles
consigam se acomodar no pátio.
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