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JUVENTUDE ENCARCERADA
Processo de desativação começa ainda neste mês, antes de o presidenciável Alckmin deixar o cargo
Ano eleitoral apressa fim da Febem Tatuapé
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O processo de desativação do
complexo da Febem no Tatuapé,
zona leste de São Paulo, e de construção de um parque no mesmo
espaço vai começar antes que o
governador Geraldo Alckmin deixe o cargo, no final deste mês, para concorrer à Presidência da República pelo PSDB.
No ano passado, quando o quadro eleitoral estava indefinido,
Alckmin chegou a afirmar que a
desativação do complexo poderia
ficar para o próximo governador.
Pelo menos o edital para a construção do parque vai ser publicado neste mês. O começo da demolição dos prédios deve ocorrer entre o final de março e o começo de
abril, segundo representantes do
Conseg (Conselho Comunitário
de Segurança), da prefeitura e de
moradores da região, que participaram de uma reunião ontem, na
sede da Febem.
A desativação do complexo era
uma das promessas do governo
Alckmin. Em março de 2005, o
governador anunciou o fechamento, em cinco meses, de 8 das
18 unidades do Tatuapé. Mas o
plano de construção de unidades
no interior atrasou e, em outubro,
sem nenhum prédio do Tatuapé
desativado, o governador admitiu
que o problema poderia ficar para
o seu sucessor.
Ontem pela manhã, o vice-presidente da Febem, Mansueto Lunardi, se reuniu com membros da
comunidade, Subprefeitura da
Mooca e Polícia Militar. Três pessoas que estavam nessa reunião
afirmaram à Folha ter ouvido as
mesmas informações: a entrada
de internos no complexo foi suspensa, o edital para a obra deveria
ser publicado ainda neste mês e a
demolição dos prédios será iniciada a curto prazo.
Lunardi não quis falar com a reportagem. A assessoria da Febem
confirmou parte das informações.
Para os participantes da reunião,
a Febem teria evitado confirmar
os detalhes da desativação do
complexo porque estaria planejando um anúncio oficial, com a
participação de Alckmin.
Segundo a fundação, a demolição dos prédios deve começar em,
no máximo, 30 dias. Mas a instituição disse que a publicação do
edital para a construção do parque não tem data, apesar de admitir que pode ocorrer ainda em
março. A Febem negou, no entanto, que a entrada dos internos no
complexo tenha sido suspensa. Isso só deve ocorrer, segundo a fundação, quando forem concluídas
as obras de uma unidade em
Campinas, para onde parte dos
adolescentes será transferida.
"Antes era de boca. Agora, vimos os papéis. Parece que a coisa
vai andar", afirmou Norberto
Mensório, presidente do Conseg
do Belém, que esteve na reunião
na sede da Febem. "Se ele não
cumprisse essa promessa, toda a
oposição iria apedrejá-lo. Promessa não cumprida em ano eleitoral vira pecado capital para o
eleitor", afirmou.
Ontem, representantes de entidades de direitos humanos, da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) e da associação de mães de
internos vistoriaram três unidades do complexo do Tatuapé. As
entidades afirmam ter encontrados vários adolescentes trancafiados e com marcas de agressões.
O relatório será encaminhado à
Corte Interamericana de Direitos
Humanos da Organização dos Estados Americanos.
A Febem afirma que os internos
ficaram feridos em um confronto
com funcionários durante uma
tentativa de fuga, na última sexta-feira. Segundo a fundação, internos agrediram o diretor de uma
das unidades.
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