São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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Perueiro é o alvo prioritário das empresas

DA REPORTAGEM LOCAL

A reivindicação prioritária dos empresários de ônibus de São Paulo nas negociações com a gestão José Serra (PSDB) não abrange reajuste ou injeção de subsídios, mas a restrição do poder de perueiros na capital paulista.
O novo discurso das viações é que a verba arrecadada atualmente com a passagem e a injeção anual de R$ 300 milhões de subsídios é suficiente para bancar as contas. O problema são os critérios de repartição dos recursos.
Nas contas do setor, as lotações ficam com 36% da receita anual de quase R$ 3 bilhões do transporte coletivo, embora seus custos sejam de 23% do total -algo que as cooperativas negam.
Reclamam ainda da sobreposição de linhas de perueiros que lhes fazem concorrência -que tende a ser minimizada com a reformulação dos trajetos prometida novamente pela prefeitura.
A avaliação do empresariado retoma a disputa acirrada dos anos 90 entre os operadores.
Ela foi feita ontem à imprensa, convidada pelo SP Urbanuss (sindicato patronal) para fazer uma visita a duas garagens de ônibus -da Santa Brígida, na zona oeste, e da Sambaíba, na zona norte.
As declarações indicaram que as divergências entre a administração tucana e os empresários permanecem fortes, embora Frederico Bussinger, secretário dos Transportes, já tenha sinalizado a possibilidade de rediscutir a quantidade de lotações autorizadas a rodar em São Paulo.
A licitação feita em 2003 previa um número próximo de 5.000, mas hoje em dia há quase 6.500.
Os empresários, que solicitaram a rescisão "amigável" dos contratos de concessão na semana passada, seguida de uma paralisação dos condutores, ameaçam partir para um rompimento de forma judicial caso não tenham seus pedidos atendidos pelo governo.
Eles, que ganham perto de R$ 160 milhões por mês, querem de R$ 205 milhões a R$ 215 milhões.
As declarações de representantes da gestão Serra de que eles seriam "chantagistas" e "criminosos" passaram a ter respostas dos empresários de ônibus com agressividade semelhante.
Ontem, disseram terem sido "enganados", devido à falta de investimentos em corredores e terminais, e reivindicaram a abertura do que eles classificam de "caixa-preta" da conta do sistema gerenciado pela prefeitura -que vai contratar uma auditoria dela.
Os empresários disseram estar congelada desde 2005 a renovação da frota do sistema -por contrato, 1.450 ônibus com mais de dez anos de uso não deveriam mais estar em circulação- e que as decisões do setor, tomadas em conjunto, não significam "conluio" ou "cartel", mas sim "um posicionamento setorial".
O dono de uma das maiores viações de São Paulo disse dar razão aos condutores que paralisaram na semana passada contra o atraso no pagamento do salário. Afirmou que, quando professores fazem greve, todo mundo diz ser algo legítimo.
Mas ele nega conivência, sob a alegação de que as viações têm duas opções para fechar as contas: pedir empréstimos a bancos ou deixar de recolher a verba do INSS. (ALENCAR IZIDORO)


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