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Perueiro é o alvo prioritário das empresas
DA REPORTAGEM LOCAL
A reivindicação prioritária dos
empresários de ônibus de São
Paulo nas negociações com a gestão José Serra (PSDB) não abrange reajuste ou injeção de subsídios, mas a restrição do poder de
perueiros na capital paulista.
O novo discurso das viações é
que a verba arrecadada atualmente com a passagem e a injeção
anual de R$ 300 milhões de subsídios é suficiente para bancar as
contas. O problema são os critérios de repartição dos recursos.
Nas contas do setor, as lotações
ficam com 36% da receita anual
de quase R$ 3 bilhões do transporte coletivo, embora seus custos sejam de 23% do total -algo
que as cooperativas negam.
Reclamam ainda da sobreposição de linhas de perueiros que
lhes fazem concorrência -que
tende a ser minimizada com a reformulação dos trajetos prometida novamente pela prefeitura.
A avaliação do empresariado
retoma a disputa acirrada dos
anos 90 entre os operadores.
Ela foi feita ontem à imprensa,
convidada pelo SP Urbanuss (sindicato patronal) para fazer uma
visita a duas garagens de ônibus
-da Santa Brígida, na zona oeste,
e da Sambaíba, na zona norte.
As declarações indicaram que
as divergências entre a administração tucana e os empresários
permanecem fortes, embora Frederico Bussinger, secretário dos
Transportes, já tenha sinalizado a
possibilidade de rediscutir a
quantidade de lotações autorizadas a rodar em São Paulo.
A licitação feita em 2003 previa
um número próximo de 5.000,
mas hoje em dia há quase 6.500.
Os empresários, que solicitaram
a rescisão "amigável" dos contratos de concessão na semana passada, seguida de uma paralisação
dos condutores, ameaçam partir
para um rompimento de forma
judicial caso não tenham seus pedidos atendidos pelo governo.
Eles, que ganham perto de R$
160 milhões por mês, querem de
R$ 205 milhões a R$ 215 milhões.
As declarações de representantes da gestão Serra de que eles seriam "chantagistas" e "criminosos" passaram a ter respostas dos
empresários de ônibus com
agressividade semelhante.
Ontem, disseram terem sido
"enganados", devido à falta de investimentos em corredores e terminais, e reivindicaram a abertura do que eles classificam de "caixa-preta" da conta do sistema gerenciado pela prefeitura -que
vai contratar uma auditoria dela.
Os empresários disseram estar
congelada desde 2005 a renovação da frota do sistema -por
contrato, 1.450 ônibus com mais
de dez anos de uso não deveriam
mais estar em circulação- e que
as decisões do setor, tomadas em
conjunto, não significam "conluio" ou "cartel", mas sim "um
posicionamento setorial".
O dono de uma das maiores viações de São Paulo disse dar razão
aos condutores que paralisaram
na semana passada contra o atraso no pagamento do salário. Afirmou que, quando professores fazem greve, todo mundo diz ser algo legítimo.
Mas ele nega conivência, sob a
alegação de que as viações têm
duas opções para fechar as contas:
pedir empréstimos a bancos ou
deixar de recolher a verba do
INSS.
(ALENCAR IZIDORO)
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