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Endereço exclui do mercado de trabalho
DA SUCURSAL DO RIO
Dados do "Mapa do Fim da Fome 2" indicam que os favelados
do Rio são estigmatizados no
mercado de trabalho.
Com base na renda dos habitantes da favela da Rocinha, palco da
recente guerra do tráfico no Estado, o estudo descobriu que um
não-favelado com as mesmas características de sexo, raça, idade e
nível de escolaridade ganha até
90% a mais se morar na Lagoa. Se
morar na Barra da Tijuca, o não-favelado recebe 78% a mais e, em
Copacabana, 74% a mais.
"Possivelmente, a origem é fator
preponderante nesse caso. Para
um favelado é mais difícil se inserir no mercado de trabalho. Muitas vezes, ele é obrigado a omitir
sua origem para conseguir um
emprego", diz o economista Marcelo Neri, coordenador do CPS.
O estudo da FGV é uma radiografia da qualidade de vida e da
pobreza no Estado e no município do Rio. No Estado, as cidades
mais pobres são São Francisco de
Itabapoana (norte fluminense),
com 44,7% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza
(ganho mensal inferior a R$ 79
per capita), e Japeri (Baixada Fluminense), com 41,7%.
Análise
A novidade é que a pesquisa
analisou a pobreza e a qualidade
de vida por áreas da capital do Estado, que foi dividida em 32 subdistritos. A análise permitiu a localização física das regiões com
condições sociais adversas.
Os três subdistritos mais pobres
da capital são Complexo do Alemão, com 29,4% de miseráveis,
Santa Cruz (27,6%) e Jacarezinho
(27,4%). Os três mais ricos são
Botafogo, Copacabana e Lagoa
-todos com menos de 4% de sua
população vivendo abaixo da linha da pobreza.
O estudo compara ainda as cinco regiões com mais alta renda
(Lagoa, Barra da Tijuca, Botafogo,
Copacabana e Tijuca) com as cinco maiores favelas do Rio (Alemão, Jacarezinho, Cidade de
Deus, Maré e Rocinha).
Em comparação com os trabalhadores das áreas mais ricas, os
moradores dessas favelas trabalham mais e ganham menos. A
renda média mensal é de R$ 405
ante R$ 2.145 no asfalto. Ao mesmo tempo, a jornada semanal
média de trabalho é de 46 horas
nas favelas -cinco horas a mais
do que a das regiões de alta renda.
O estudo mostra que, em média, um trabalhador do Alemão
ou da Maré ganha R$ 2 por hora
trabalhada, enquanto um ocupado da Lagoa, R$ 11,8.
A taxa de desemprego também
é maior nas favelas, chegando a
19%, ante 10% nas áreas mais ricas. Outro fator é a relação entre
renda e a taxa de escolaridade. Cada ano a mais de estudo rende aos
ocupados das área ricas mais dinheiro do que para os pobres.
Por ano, os ricos recebem mais
R$ 180,5; os pobres, R$ 65,9. Em
média, os habitantes dos subdistritos mais ricos têm 11,9 anos
completos de estudo contra 6,2
nas comunidades de baixa renda.
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