|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Censo vai contar o número de casais homossexuais
Com computadores de mão, recenseadores começam hoje a conferir a população de cidades com até 170 mil habitantes
Pergunta sobre parentesco
com a pessoa responsável
pelo domicílio terá o item
"companheiro do mesmo
sexo" na lista de respostas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Os recenseadores do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) começam
hoje a contar a população dos
municípios com menos de 170
mil habitantes.
Pela primeira vez, o Censo
poderá dimensionar quantos
casais gays existem no país. No
questionário de "contagem da
população" há a resposta "companheiro do mesmo sexo" para
a pergunta sobre grau de parentesco com o responsável pelo domicílio.
Das 4.562 cidades do país, só
as 129 maiores não serão contadas. O levantamento custará
R$ 560 milhões, valor que inclui o Censo Agropecuário, a
ser realizado pela mesma equipe da contagem populacional.
Boa parte das diferenças entre os municípios decorre do
porte das cidades. O percentual
de pessoas com menos de quatro anos de estudo, por exemplo, era de 39% nas cidades com
até 5.000 habitantes e de 43,5%
na faixa de 10 mil a 20 mil em
2000 (último dado disponível).
A cifra baixava para 30,4%
entre as cidades que tinham de
50 mil a 100 mil habitantes. Em
todo o país, a média era de
27,8%, puxada para baixo pelas
cidades com mais de 500 mil
pessoas (15,6%).
Já o número médio de anos
de estudo crescia de acordo
com o porte -da faixa de 4,2 a
4,6 para cidades com até 50 mil
habitantes, passava para 5,5
anos de estudo nas que tinham
de 50 mil a 100 mil pessoas.
O índice de famílias com renda de até 1/ 4 de salário mínimo
oscilava de 17,6% a 22,2% nas
cidades com até 50 mil habitantes. Nas maiores (de 50 mil a
100 mil), a cifra era de 13,3%.
O objetivo da contagem populacional é buscar uma distribuição mais justa do FPM
(Fundo de Participação dos
Municípios), cujos percentuais
de repasse variam conforme o
tamanho da população nas cidades até 170 mil habitantes.
Acima dessa faixa, os valores
são fixos.
Sem o Censo e a contagem da
população -que deveria ter sido feita em 2005-, o IBGE faz
estimativas populacionais, que
podem ficar distorcidas devido
aos movimentos migratórios.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios,
Paulo Ziulkoski, diz que cidades muito pequenas poderiam
estar numa faixa de maior arrecadação se tivessem apenas
mais alguns habitantes. Em
2006, o fundo distribuiu R$
29,7 bilhões. Neste ano, o Orçamento da União prevê R$ 36 bilhões. "A contagem permitirá
uma distribuição mais justa."
Aposentadoria do papel
Na contagem da população e
no Censo Agropecuário, o IBGE abandonou de vez o uso de
questionários em papel. Por
meio de licitação, foram comprados 82 mil computadores de
mão (palm top), acoplados com
GPS para georreferenciamento, ferramenta útil especialmente no Censo Agropecuário.
"Todas as pesquisas domiciliares, como a Pnad [Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios], a PME [Pesquisa
Mensal de Emprego] e o Censo
Demográfico 2010, usarão o
computador de mão, que evita
erros e indica imprecisões no
preenchimento das respostas",
diz Heleno Mansoldo, coordenador de Informática do IBGE.
O IBGE gastou R$ 115 milhões em tecnologia.
No Censo Agropecuário, serão pesquisados o tamanho das
propriedades, as lavouras ou
pastos nelas implantadas e o
rendimento dos proprietários,
segundo Antonio Florido, gerente do Censo.
Texto Anterior: Cabral vai propor a militares vigiar presídios Próximo Texto: Frase Índice
|