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Rio proíbe que aluno use boné na escola
Novas regras na rede municipal ainda vetam celular na sala de aula e impedem que estudantes usem as chamadas pulseiras do sexo
O aluno que descumprir regras poderá ser advertido e, em caso de reincidência, pode ser suspenso ou
até transferido de escola
BRUNA FANTTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Reunidos na porta da escola
municipal Brigadeiro Eduardo
Gomes, na Ilha do Governador,
zona norte do Rio, alunos do ensino fundamental não tinham
outro assunto ontem: o veto ao
uso de bonés, das chamadas
pulseirinhas do sexo e celulares
determinada pelo novo regimento escolar da Secretaria de
Educação do município.
"Uso o boné desde os seis
anos de idade. É bom para proteger do sol, e também eu gosto
de hip-hop", afirmou o aluno da
sexta série Marcelo Santos, 12,
que usava o boné virado para
trás e escutava música com um
fone conectado ao celular.
A resolução nº 1.074, publicada ontem no "Diário Oficial" do
município do Rio, contém normas e punições para os alunos
das escolas públicas municipais. Além da proibição do boné
ou chapéu similar em qualquer
dependência das escolas, fica
vetado o uso de objetos com conotação sexual -caso das pulseiras coloridas interpretadas
como estímulo à troca de carícias- e de objetos eletrônicos,
como celulares e aparelhos de
MP3, estes nas salas de aula.
Caso se negue a cumprir as
regras, o aluno poderá ser advertido verbalmente, e, em caso
de reincidência, as penalidades
incluem a possibilidade de suspensão, transferência de turma, de escola e encaminhamento ao Conselho Tutelar.
Segundo a secretária de Educação do município, Cláudia
Costin, a medida foi necessária
para dar mais autoridade aos
professores. "A partir do regimento, o aluno não poderá contestar a falta de uma lei interna
para a proibição do boné. É
uma convenção social a retirada de qualquer chapéu em ambiente fechado, mas expandimos para a escola toda porque
não faz parte do uniforme."
As medidas dividiram especialistas em educação. A professora de psicologia da Uerj
(Universidade do Estado do
Rio de Janeiro) Lulli Milman,
que pesquisa o comportamento
de adolescentes, acredita que o
regimento é arbitrário. "Não se
pode proibir o uso de boné ou
similares em toda a dependência da escola, pois isso implica o
cerceamento da liberdade individual. O mesmo pode ser aplicado em relação às pulseiras."
Para Bertha do Valle, da Faculdade de Educação da Uerj, o
regimento é benéfico para alunos e professores. "As pulseiras
já deram problemas em outros
Estados, e usá-las facilita o argumento para que se pratique
violência sexual. A proibição do
boné no pátio da escola acarreta a melhor identificação do
aluno caso ele cometa algum
ato de infração", afirmou.
A dona de casa Aldenora Farias, 37, que esperava o filho de
13 anos na saída da escola na
Ilha do Governador, não aprovou a resolução em relação aos
celulares. "Mas boné é coisa de
desleixado", disse. Outro pai,
Jeferson Santos, 40, concordou
com a restrição aos celulares,
mas não com o veto ao boné.
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